Mudanças marcam a lista obrigatória do vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para o ano de 2025, que é composta por nove obras a serem cobradas no exame de língua portuguesa.

Os novos títulos incorporados ao vestibular são: “A vida não é útil”, de Ailton Krenak; “Prosas seguidas de odes mínimas”, de José Paulo Paes; “Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá”, de Lima Barreto e “Morangos mofados”, de Caio Fernando Abreu.

Eles se juntam a os já cobrados “Olhos d’água”, de Conceição Evaristo; “Casa Velha”, de Machado de Assis; “Niketche – uma história de poligamia”, de Paulina Chiziane; e Canções escolhidas, de Cartola.

Para aprofundar as características literárias de cada obra, assim como os contextos históricos e sociais com os quais elas se relacionam, o Instituto Claro elaborou para professores e alunos uma série especial de podcasts.

Cada episódio aborda um título e ouviu professores de literatura, escritores e outros entrevistados especiais.  Confira!

1) “Prosas seguidas de odes mínimas” – João Paulo Paes

Lançado nos anos 1990, combina vinte textos em prosa poética e treze poemas breves chamados odes mínimas. A obra reflete uma visão crítica da vida adquirida com a maturidade do poeta. Influenciada pelo Modernismo, ela usa poucas palavras para explorar profundidades filosóficas, humor e ironia.

2) “Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá” – Lima Barreto

O autor rompe com as convenções do realismo do século XIX que ainda dominavam os romances da época. O livro é narrado por Augusto Machado, um funcionário público negro, e traça a biografia do personagem Gonzaga de Sá. A obra expõe o comportamento da alta sociedade do Rio de Janeiro e problemas sociais que afligiam Lima Barreto.

3) “A vida não é útil” – Ailton Krenak

A obra traz reflexões do filósofo, escritor e líder indígena Ailton Krenak. Reúne cinco textos escritos principalmente no início da pandemia de covid-19 que tratam de tendências destrutivas da civilização, como consumismo desenfreado e devastação ambiental.

4) “Olhos d’água” – de Conceição Evaristo

Livro ganhador do Prêmio Jabuti 2015 na categoria de contos explora o conceito de “escrevivência”, introduzido pela autora, que se baseia em suas memórias e vivências pessoais em uma sociedade marcada pelo racismo e sexismo. Evaristo retrata o cotidiano de afro-brasileiros e humaniza personagens vítimas de estereótipos na literatura.

5) “Casa velha” – de Machado de Assis

O livro é um reflexo do Brasil durante o Primeiro Reinado, combinando elementos do romantismo e do realismo e explorando a influência de convenções sociais na vida dos personagens.

6) “Niketche: uma história de poligamia” – de Paulina Chiziane

Paulina Chiziane é a primeira mulher moçambicana a publicar um romance em seu país, abordando em sua obra a luta das mulheres contra as normas sociais estabelecidas.

7) “Alice no País das Maravilhas” – de Lewis Carroll

Para a professora de literatura e pós-doutora pela Unicamp Marcella Abboud, essa obra de Lewis Carroll aborda a alteridade. Trata da descoberta de Alice sobre si mesma ao interagir com pessoas e situações que a desafiam, levando-a a reavaliar e reconstruir sua identidade.

8) Canções escolhidas – Cartola

Cartola foi um renomado compositor, cantor e instrumentista carioca, conhecido por suas letras poéticas e melodias que capturam a essência da vida urbana e da cultura popular do Rio de Janeiro. Dez canções foram escolhidas para o vestibular da Unicamp, incluindo “Alvorada”, “As rosas não falam”, “Cordas de aço”, “Disfarça e chora”, “O inverno do meu tempo”, “O mundo é um moinho”, “Que é feito de você?”, “Sala de recepção”, “Silêncio em cipreste” e “Sim”.

9) “Morangos mofados” – Caio Fernando Abreu

O autor foi uma voz da literatura homoafetiva, militante contra a ditadura e contra o preconceito ocasionado pela epidemia de HIV/Aids.  O vestibular escolheu seis textos entre os 18 do livro: “Diálogo”, “Além do Ponto”, “Terça-feira Gorda”, “Pera, uva ou maçã?”, “O dia em que Júpiter encontrou Saturno” e “Aqueles dois”. Os três primeiros integram o segmento “O Mofo”, os três últimos, a divisão “Os Morangos”.

“É interessante ter em mente essa divisão para iniciar a leitura. A primeira parte, ‘O mofo’, apresenta uma perspectiva mais pessimista e, a segunda, libertação do clima opressivo que se vivia no Brasil por causa da ditadura e do conservadorismo social”, resume o professor de literatura Fernando Marcílio.

Veja mais:

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Crédito da imagem: Imgorthand – Getty Images

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