Um especial de 9 podcasts lançados pelo Instituto Claro analisa as obras literárias escolhidas para a Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), responsável pelo processo seletivo de ingresso nos cursos da Universidade de São Paulo (USP).

A escolha dos livros visa valorizar a cultura nacional e a literatura em língua portuguesa, avaliar habilidades de interpretação textual e estimular a leitura e a formação cultural dos candidatos.

Na lista de 2024, a Fuvest retirou as obras “Poemas Escolhidos”, de Gregório de Matos; “Terra Sonâmbula”, de Mia Couto, e “Nove Noites”, de Bernardo Carvalho. No lugar delas, foram incluídas “Marília de Dirceu”, de Tomás Antônio Gonzaga; “Nós matamos o cão tinhoso!”, de Luís Bernardo Honwana, e “Dois irmãos”, de Milton Hatoum.

Além do áudio, o conteúdo do podcast também é transcrito e disponibilizado em formato de texto, garantindo maior acessibilidade. A primeira fase do vestibular acontece em novembro. Confira a seguir o podcast de cada uma das 9 obras escolhidas.

“Romanceiro da Inconfidência”, de Cecília Meireles

A obra lançada em 1953 utiliza o gênero poético para retratar a revolta mineira de 1789. O enfoque dado à liberdade e sua relação com a democracia são destaques. “O romance nesse livro não se refere à prosa. Tem a ver com as narrativas medievais como formas populares em verso de se contar uma história”, explica o professor de literatura no curso Anglo Vestibulares Paulo Oliveira.

“Campo Geral”, de João Guimarães Rosa

Em 1956, a obra foi lançada pela primeira vez como uma das novelas incluídas no livro “Corpo de Baile”. Pertencente à terceira fase do modernismo brasileiro, o livro tem como característica o regionalismo e o uso de palavras inventadas e arcaicas, características do autor.

“Quincas Borba”, de Machado de Assis

Pessimismo, humor e ironia são utilizados para criar uma crônica do cotidiano das pessoas da alta sociedade. A obra escrita em 3ª pessoa retoma a personagem Quincas Borba e sua tese do ‘humanitismo’, que associa teorias que eram discutidas em 1891, ano de lançamento do livro, como o darwinismo. Para o crítico literário Roberto Schwarz, “o humanitismo em Quincas Borba é uma paródia às ideias evolucionistas da luta de todos contra todos, o que se torna um conceito problemático diante da realidade brasileira”.

“Angústia”, de Graciliano Ramos

O livro foi publicado em 1936, quando o autor estava preso pelo governo Vargas. “Ela é lançada em um ambiente autoritário, repressor, no momento de ascensão do nazifascismo”, contextualiza o professor do Programa de Pós-Graduação e Estudos Comparados de Literatura e de Língua Portuguesa da FFLCH/USP Thiago Mio Salla.

“Alguma Poesia”, de Carlos Drummond de Andrade

Primeiro livro publicado pelo autor, em 1930, apresenta estilo modernista e influências das vanguardas europeias, como o surrealismo. Segundo a professora de literatura no Anglo Vestibulares Adele Grostein, o livro traz versos sem rima e livres, oralidade, temas cotidianos; humor e ironia –  elementos vistos na Semana de Arte Moderna.

“Mensagem”, de Fernando Pessoa

Único livro de poemas publicado em vida pelo poeta português, em 1934, ele dialoga com o estilo épico de “Os Lusíadas”, de Luís de Camões, e homenageia Portugal.

“Nós Matamos o Cão Tinhoso!”, de Luís Bernardo Honwana

O livro reúne contos sobre a luta do povo moçambicano pela independência do país em relação a Portugal e o anseio por liberdade em meio à opressão colonial vivida.

Segundo o professor de literatura do Sistema Anglo de Ensino Fernando Marcílio, a obra marca a literatura africana por conclamar o povo moçambicano a lutar pela autonomia do país e denunciar a realidade vivida.

“Dois Irmãos”, de Milton Hatoum

O drama familiar ambientando em Manaus (AM) é uma analogia ao Brasil. “Os irmãos gêmeos da trama representam também duas faces de um mesmo país. Acho que tem uma metáfora sobre esses Brasis inconciliáveis, a partir da história de cada um e de seus destinos”, analisa o autor.

“Marília de Dirceu”, de Tomás António Gonzaga

Escrito no final do século XVIII, o principal livro do poeta luso-brasileiro Tomás António Gonzaga é dividido em dois momentos. O primeiro é marcado pelo arcadismo, apresentando elementos como bucolismo, culto à natureza e à simplicidade.

Em versos e de caráter autobiográfico, o livro dialoga com o contexto de vida do autor, que foi exilado em Moçambique e afastado da mulher amada após participar da Inconfidência Mineira. O segundo momento da obra, provavelmente escrito no cárcere, apresenta estilo pré-romantismo.

Veja mais:

21 escritores de língua portuguesa para apresentar aos alunos

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