A primeira fase do vestibular 2022 da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) acontece em 7/11 e, para ajudar o estudante, o Instituto Claro produziu uma série de podcasts que analisam as dez obras obrigatórias da prova. Professores de literatura, escritores e convidados especiais fazem reflexões sobre as principais características e contextos de cada livro, que farão parte do exame de língua portuguesa. Além do áudio, o material completo é transcrito.
A lista conta com seis gêneros literários — poesia, conto, teatro, romance, crônica e carta/relato de viagem) — de dez autores. Estarão na prova obras de Racionais MC’s, Camões, Olavo Bilac, Ligia Fagundes Telles, Fernando Pessoa, Paulina Chiziane, Júlia Lopes de Almeida, Machado de Assis e Pero Vaz de Caminha. Confira os podcasts:
Sobrevivendo no inferno – Racionais MC’s
Lançado em 1997 pelo grupo Racionais MC’s, o disco “Sobrevivendo no Inferno” virou livro e cada letra de música ganha o patamar de um capítulo. DJ KL Jay, um dos integrantes do Racionais MC’s, e o professor de música do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da Universidade de São Paulo (USP) Walter Garcia da Silveira Junior analisam o álbum, que é considerado uma aula de história, política, racismo e luta por direitos.
A falência – Júlia Lopes de Almeida
A obra, lançada em 1901, é considerada um marco da transição entre as literaturas dos séculos XIX e XX. Há uma reprodução da sociedade do período, que evidencia problemas econômicos, morais e étnicos ainda não resolvidos nos dias de hoje. O livro é analisado pelo professor de literatura do Cursinho da Poli, Murilo Gonçalves, que afirma que existe um incômodo histórico da autora, porque, em muitos livros pregressos, os casos extraconjugais levam a mulher à morte.
O Ateneu – Raul Pompeia
O livro de Pompeia trata da influência do meio sobre o sujeito, isto é, o determinismo. Analisado pelo mestre em teoria literária pela Unicamp e professor de literatura do Anglo Fernando Marcílio, a obra fala sobre as dificuldades que um adolescente enfrenta no colégio. Para ilustrar, o narrador torna a sua escrita difícil, árdua para o leitor. Assim, quando quem lê sente dificuldade, de alguma forma, se aproxima da situação que o próprio protagonista enfrenta na escola.
Niketche: Uma História de Poligamia – Paulina Chiziane
Primeira mulher moçambicana a publicar um romance em seu país, Paulina Chiziane traz em sua obra a condição feminina e social que luta para desconstruir. No podcast, o professor do Anglo Vestibulares Mauricio Soares Filho analisa que a obra é importante para entender o quanto a autora marca uma transição da literatura moçambicana.
Sonetos – Luís de Camões
A Unicamp selecionou sonetos cujo tema central é o amor. O professor de literatura do Cursinho da Poli, de São Paulo, Frederico Barbosa explica que alguns sonetos trabalham o neoplatonismo, em que o ideal é visto como mais interessante do que o real.
Tarde – Olavo Bilac
Obra póstuma de Olavo Bilac, o livro “Tarde” sequer chegou a ser revisado pelo autor. A obra pertencente ao parnasianismo é analisada pelo professor e autor do material de literatura do Sistema Anglo de Ensino Eduardo Calbucci, que explica o porquê das obras parnasianas não se envolverem com as grandes questões sociais.
O seminário dos ratos – Lygia Fagundes Telles
O conto de Lygia Fagundes Telles traz uma alegoria ao regime ditatorial que imperava no Brasil quando foi lançado, em 1977. O texto, cujo estilo é o realismo fantástico, é abordado no podcast pelo professor de literatura do Anglo Vestibulares e mestre em literatura brasileira pela Universidade de São Paulo Mauricio Soares Filho.
O marinheiro – Fernando Pessoa
A obra do autor português mistura realidade, sonhos e expectativas de três irmãs. A cena se passa em um velório, em que uma delas comenta sobre um sonho que teve com a figura desse profissional. Segundo o professor e coautor do material de português do Sistema Anglo Eduardo Calbucci, a peça promove uma fusão de planos narrativos.
Bons dias! – Machado de Assis
O lado cronista de Machado de Assis aflora em “Bons dias!” por meio de uma linguagem coloquial, marcada pelo bom humor e ironia característicos do escritor. A obra foi escrita entre abril de 1888 e agosto de 1889 no jornal Gazeta de Notícias. Para o professor de literatura do Anglo Vestibulares Fernando Marcílio, é essencial estudar o contexto dessa escrita.
Carta de Achamento a el-rei D. Manuel – Pero Vaz de Caminha
Integrante da frota de Pedro Álvares Cabral, Pero Vaz de Caminha foi o escrivão que transformou em carta de achamento as impressões dos portugueses, diante da natureza e dos nativos que encontraram no que viria a ser o Brasil. A carta de achamento é tida como uma espécie de certidão de nascimento do Brasil, em que se percebe o deslumbramento do autor em relação ao clima, paisagem, fauna, flora e também com os nativos, como explica o professor do Anglo Vestibulares Paulo Oliveira
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Atualizado em 04/10/2022, às 14h53