A tirinha é um gênero textual caracterizado por uma sequência de três ou quatro quadros que, geralmente, narram uma história com humor. Seu uso, porém, vai além das aulas de língua portuguesa: dependendo do tema abordado, elas ajudam a ensinar conteúdos de história, geografia e biologia; estimulam criticidade e habilidades socioemocionais e a debater com os alunos temas sociais importantes, como tolerância religiosa.
A seguir, separamos 10 tirinhas populares no Brasil que podem ser exploradas pelos professores de diversas disciplinas em atividades criativas. Confira!
Mafalda
“Como o quadrinho foi escrito durante os anos de 1964 a 1973, teve como cenário político mundial a Guerra Fria, o imperialismo, os movimentos de contracultura e a Guerra do Vietnã”, pontua a mestre e professora de História Ana Paula Daniel.
Além de indicado para aulas de história, ajuda a debater desenvolvimento e subdesenvolvimento dos países em geografia, assim como a contextualizar feminismo e contracultura em sociologia. Em língua portuguesa, pode ilustrar a ironia.
Níquel Náusea
Conteúdos relativos à zoologia, ecologia e evolução podem ser trabalhados nas aulas de biologia por meio desta tirinha do cartunista brasileiro Fernando Gonsales.
“Tratam de ancestralidade, adaptação, criacionismo e forças evolutivas – como seleção natural, migração, deriva genética e mutação. Outras abordam aspectos da genética, como engenharia genética, herança mendeliana, clonagem etc.”, resume o professor do Laboratório de Genética Marinha e Evolução da Universidade Federal Fluminense (UFF) Edson Pereira Da Silva.
Obras de Henfil
O cartunista brasileiro Henfil utilizou a sátira para denunciar as violações ocorridas durante o regime militar brasileiro (1964-1984) e também a fome que assolava a região Nordeste na ocasião. Por esse motivo, suas tirinhas podem ser utilizadas nas aulas de história e geografia. “Além disso, elas tratam de temas que, infelizmente, ainda são atuais, como corrupção e a defesa da democracia”, explica o professor de ciência política da Universidade Federal Fluminense (UFF) Márcio Malta.
Hägar, o Horrível
As histórias de Hägar ajudam a pensar estereótipos vinculados à Idade Média, como vincular o período a uma era das “trevas” e ver os vikings como um povo bárbaro. Doutor em história pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), André Luiz de Siqueira ainda indica o uso das tirinhas para introduzir conceitos históricos. “Concepção de história, sujeito histórico, memória, anacronismo, temporalidade, civilização e barbárie são alguns deles”, lista.
Calvin e Haroldo
A professora Sarita Souza dos Santos indica utilizar essa tirinha para ensinar temas de História como renascimento, Guerra Fria, revolução industrial, reforma protestante e feudalismo. “Há também assuntos como o ofício do historiador, tempo e temporalidade, cronologia e fontes de pesquisa”, aponta.
Aline
As histórias da personagem criada pelo cartunista Adão Iturrusgarai podem ilustrar intertextualidade e gênero humor nas aulas de língua portuguesa. “O papel que o humor cumpre é o de quebrar expectativas e provocar o riso. Este humor busca a contradição, a transgressão e, portanto, traz provocações que podem ser discutidas, de modo a suscitar distintos pontos de vista e opiniões”, destaca a mestre em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) Aline Souza de Lima.
Um Sábado Qualquer
As tirinhas do cartunista Carlos Ruas trazem Deus e outras divindades religiosas interagindo, podendo estimular criticidade e tolerância religiosa. “Quero ajudar o aluno a pensar que o deus dele não é melhor do que o do amigo”, explica o autor em entrevista.
Recruta Zero
O personagem foi criado no contexto da Guerra da Coreia e ajuda a trabalhar este momento histórico. “A Guerra da Coreia, que foi o primeiro conflito da Guerra Fria, faz com que as tirinhas tenham potencial pedagógico nas aulas de história e geografia”, pontua o professor de História na Universidade Anhembi Morumbi Iberê Moreno Rosário e Barros.
Turma do Snoopy
É possível utilizar o conteúdo da tirinha para abordar temas como resiliência, relações abusivas, autoestima e empatia durante o ensino médio, como aponta o doutor em Educação e docente da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) Vitor Gomes.
Armandinho
Criado pelo cartunista Alexandre Beck, este menino inteligente e crítico reflete sobre temas importantes nas suas histórias, como educação, cidadania, política, religião e feminismo.
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