Em atividades de alfabetização com crianças que apresentam dificuldade em leitura e escrita, a professora da rede municipal do Rio de Janeiro e doutoranda em estudos da linguagem Palmyra Baroni Nunes observou avanços ao utilizar poemas. 

“São crianças que precisam aprender palavras de forma contextualizada e desenvolver consciência fonológica. Usamos poemas curtos que visualmente não ‘assustam’. O ritmo do poema ajuda a desenvolver fluência oral, escuta e a criação de imagens mentais das palavras”, relata.  

“As rimas dos poemas são uma forma lúdica de aprender interagindo com texto. Não são meras palavras isoladas, que geralmente não fazem parte do contexto da criança e dificultam o processo de alfabetização”, justifica.

Muitos são os poetas brasileiros que podem ser apresentados aos alunos em sala de aula. Doutora em letras e professora do Instituto Federal Goiano – Ipameri, Maria Luiza Batista Bretas indica trabalhar o livro “Ou isto ou aquilo”, de Cecília Meireles, em atividades de alfabetização, assim como obras de Leo Cunha, Manuel Bandeira, Daniel Munduruku, Sylvia Orthof e Roseana Murray.

Já Nunes recomenda poemas da obra de José Paulo Paes, Pedro Bandeira, Cora Coralina e Lázaro Ramos, autor do livro Caderno de Rimas do João.

A seguir, as professoras apontam seis atividades para alfabetizar usando poesia.  

1) Faça a primeira leitura em voz alta

Bretas recomenda apresentar o poema aos alunos fazendo sua leitura e declamação com a entonação de voz adequada. Vale ainda utilizar recursos visuais nesse momento, como bonecas, fantoches e fantasia.

“Ler em voz alta também contribui para que a criança desenvolva atenção à repetição dos sons e entenda o significado do poema, às vezes mais do que quando lido”, acrescenta Nunes. 

2) Trabalhe a mesma poesia em diferentes meios

Bretas recomenda apresentar o poema de forma multimodal: declamado, na versão escrita, convidando os alunos a desenharem trechos preferidos ou a dramatizarem. 

Em experiência prévia, ela indicou para a turma a criação de um recital do livro “Ou isto ou aquilo”, de Cecília Meireles, a ser apresentado às famílias. Em cada semana, um poema diferente foi trabalhado da mesma maneira: declamação em voz alta, entrega do texto digitado aos alunos e roda de conversa sobre o poema seguido de uma atividade de desenho do trecho que os estudantes mais gostaram.

“Para o recital, os poemas escolhidos pelas crianças poderiam ser trabalhados em jogral, poesia cantada, dramatização ou dança”, relata Bretas. 

“Ter contato com o texto escrito e em outras modalidades faz com que o aluno se familiarize com a escrita e seja estimulado a aprender”, acrescenta. 

3) Deixe o poema exposto na sala de aula

 O “poema da semana” pode ser fixado em cartolina em uma parede da sala de aula para que a turma seja estimulada a visualizá-lo diariamente. Segundo Bretas, isso pode auxiliar na aquisição da linguagem oral e escrita 

“A parede coberta com textos é um ambiente que estimula o leitor. O aluno pode, dia a dia, chegar na sala e verificar na parede as linhas escritas. Isso o deixa livre para descobrir coisas que ainda desconhece”, assinala Nunes. 

4) Aponte os fonemas e sílabas no poema 

Nunes conta que pedia para os alunos identificarem na poesia o som ou a sílaba que estavam trabalhando. “Deixava a lacuna em um verso, no texto escrito, para que a criança ouvisse e completasse. Ou eu mesma falava a palavra da poesia e pedia para eles apontarem”, conta. 

“Isso ajuda a apresentar os fonemas de modo contextualizado, não solto”, adiciona.

5) Entregue poesias com lacunas para completar

A escrita pode ser contemplada em atividades em que alunos recebem as poesias com lacunas, para que identifiquem as palavras faltantes e completem esses espaços. “Isso ajuda a verificar a fluência e, ao mesmo tempo, a autonomia na leitura de palavras”, justifica Nunes.  

6) Ofereça versos fora de ordem para os alunos organizarem

“Quando eu oferecia os versos fora de ordem, pedia para que os estudantes trabalhassem em grupo e discutissem o que achavam que viria antes e o que viria depois. Como o que fazia sentido para um aluno poderia não fazer ao outro, eles iam criando hipóteses e argumentando”, pontua Nunes. 

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Crédito da imagem: Jose Luis Pelaez Inc – Getty Images

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