O uso de vídeos como recurso didático nas aulas de matemática traz oportunidades de aprendizagem para alunos e professores. “Não basta o estudante escolher um tema e fazer um vídeo: ele precisará interagir e viver a temática escolhida. Pesquisar, compreender, analisar, interpretar, estruturar ideias e representar o conteúdo matemático em audiovisual”, resume a doutoranda em educação matemática Cleibiane Susi Peixoto. “Já para professor, o processo exige domínio de conteúdo, conhecimentos didáticos e tecnológicos, assim como abertura para novas aprendizagens”, complementa.

Peixoto analisou o tema e é autora da dissertação “Ensinar e aprender matemática através da construção de vídeos – uma proposta para os anos finais do ensino fundamental” (2020). “A ideia pode ser adaptada para qualquer nível de ensino”, garante.

Conheça, a seguir, 7 orientações para produzir vídeos matemáticos com a turma.

Confira também: 7 passos para alunos produzirem vídeos em sala de aula

1. Apresente vídeos matemáticos e traga exemplos

O primeiro passo é escutar os alunos sobre conhecimentos e dificuldades referentes aos conteúdos já trabalhados. A seguir, traga exemplos de vídeos matemáticos ou convide os estudantes a pesquisá-los. Os objetivos são trazer referenciais e fomentar ideias para os temas e produções deles.

Para isso, Peixoto compartilhou com sua turma os vídeos: “A matemática nas notas musicais”; “A matemática financeira me ajuda a economizar até na feira”  e “7 dicas para guardar dinheiro”.

“Também conversamos sobre como aqueles vídeos haviam sido construídos. A descontração será fundamental para o interesse deles pela proposta”, enfatiza. O momento também integra o processo de aprendizagem de conteúdos matemáticos, com o professor atento às dúvidas que surgirem durante a exibição dos vídeos.

2. Faça roteiros criativos

Para explicar como construir roteiros criativos, Peixoto apresentou três vídeos: “Como gravar vídeos para o YouTube para iniciantes”, de Luana Franco; “O que pensar na hora de fazer roteiros para seus vídeos?” e “Como criar pautas para vídeos”, de Rejane Toigo.

Os alunos foram orientados a escolherem o público que gostariam de alcançar. “Eles optaram por direcionar as produções aos colegas dos anos finais do ensino fundamental”, conta. “Além disso, no caso do vídeo matemático, eles deviam elaborar uma abertura clara sobre o conteúdo a ser apresentado”, explica. Roteiro pronto, professor e alunos estruturaram coletivamente cenários, falas, personagens, tecnologias usadas e listaram fatores necessários para iniciarem as gravações.

3. Direcione o tema ou deixe por conta dos alunos

“Se o professor pretende abordar um conteúdo matemático específico, pode conduzir a escolha. Caso contrário, pode optar por uma proposta aberta”, assinala Peixoto. “O aluno com oportunidade de escolher um tema de seu interesse torna a atividade mais atrativa, criativa e amplia seu aprendizado”, defende a mestra em educação matemática Amanda Colombo Gomes. Ela é autora da dissertação “Planejamento da prática pedagógica utilizando o vídeo como recurso didático no ensino de matemática” (2019).

4. Observe oportunidades do cotidiano

Para Peixoto, associar conteúdos matemáticos com assuntos do cotidiano possibilita aos alunos gravarem vídeos criativos e vivenciarem uma aprendizagem significativa. “No projeto desenvolvido, os vídeos abordaram a matemática na sorveteria; no supermercado e na conta de energia elétrica”, compartilha.

Além de grandezas e medidas, números e álgebra, foi possível explorar a história e o conceito de geometria plana. “Eles vincularam os respectivos conteúdos matemáticos a exemplos cotidianos como: campo de futebol, amarelinha, engenharia civil e arquitetura”.

Outras possibilidades de estudo da matemática no cotidiano é os alunos pesquisarem conceitos da disciplina na profissão dos pais e responsáveis ou a presença da geometria na moda.

5. Deixe os alunos escolherem o formato

Para Peixoto, os alunos devem ficar livres para escolherem formatos e modos de se expressarem no vídeo. Esquetes teatrais, entrevistas e documentários são possibilidades para materializar a matemática no audiovisual.

“Um grupo quis usar apenas imagens, emojis e falas escritas para explicar conceitos matemáticos, utilizando PowerPoint e o Paint Brush para isso. Outro optou por entrevistar personagens diversos e colher imagens pela cidade”, diferencia.

6. Incentive o uso do humor

Ao produzirem um vídeo educativo, os alunos estão simultaneamente ensinando e aprendendo. Nesse processo, o humor ajuda a capturar o interesse do público e a desconstruir o mito da matemática como uma área “chata”.

“É preciso utilizar humor em ritmo ágil e dinâmico, combinar as finalidades educacionais com um discurso que se aproxime do entretenimento, sem simplesmente repetir fórmulas”, sugere Gomes. Um exemplo é a youtuber Júlia Jaccoud, a Matemaníaca, que aborda conceitos e pesquisas matemáticas de forma descontraída em sua fala.

7. Abra espaço para o diálogo

Conversar, ouvir a opinião dos alunos e trocar experiências devem marcar todas as etapas de construção do vídeo matemático. “Oportunizar que os alunos se expressem é essencial para o professor conhecer o que cada um pensa, suas dúvidas e interesses em relação à disciplina”, diz Peixoto. “Valorizar a experiência deles faz com que consigam relacionar de maneira significativa os conteúdos matemáticos da escola com a sua própria realidade”, conclui.

Veja mais:

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