“Para que estudamos isso” ou “onde vamos usá-lo” eram questionamentos ouvidos constantemente pela docente de matemática do 8º ano na EMEF Professor Milton Dias Porto, em Naviraí (MS), Ivonete Dezinho. “Tínhamos dificuldades de tornar a matemática atrativa aos alunos, bem como fazer com que eles a percebessem como algo fundamental na vida de qualquer cidadão e parte do cotidiano”, relembra.

Para aproximar a disciplina da realidade da classe e deixar os responsáveis mais próximos da agenda escolar, a docente desenvolveu o projeto “De pai para filho – uma abordagem do ensino da matemática nas profissões”. O objetivo era que os estudantes compreendessem a aplicação da matéria no dia a dia profissional de seus tutores. “A turma escolhida possuía metade dos alunos com resultados abaixo da média e uma certa ‘rejeição’ à disciplina”, relembra.

O projeto foi dividido em etapas, que incluíram a exibição do vídeo “Preste atenção na matemática”, a leitura do texto “Matemática está em tudo” e o estudo prévio de seis ocupações: garçom, padeiro, astronauta, médico pediatra, arquiteto e chef de cozinha.  Para isso, os estudantes foram divididos em grupos de quatro ou cinco pessoas.

Para a professora Ivonete Dezinho, projeto ajudou os alunos a entenderem a matemática como ferramenta fundamental no cotidiano

 

“A pesquisa foi apresentada por diversos meios, como slides, simulação, teatro, cartazes, vídeos com entrevista de profissionais e seminários. Cada equipe também redigiu cinco situações problemas, com múltiplas alternativas, envolvendo os conhecimentos matemáticos destacados pela profissão pesquisada”, relata.

Fita métrica e argamassa

Na sequência, chegou a vez dos pais entrarem na atividade. Eles responderam um questionário sobre como usavam números e operações e compareceram em uma reunião com os alunos para contar um pouco de suas rotinas.

Após a roda de conversa, a turma foi dividida em novos grupos, agora para escolher entre as profissões e criar uma situação problema envolvendo os conhecimentos matemáticos dela. Além disso, as ocupações foram relacionadas aos conteúdos curriculares.

“Por exemplo, o pedreiro usa perímetro, grandezas e medidas, ângulos, retas, figuras geométricas planas e espaciais e operação com números reais. O vendedor utiliza operação com números reais, porcentagem e juros. A costureira aplica geometria, grandezas e medidas, operação com números reais, ângulo, retas, espaço e forma. E assim por diante”, lista a professora.

O feedback dos estudantes foi positivo. A aluna Sandra Maria teve a ajuda de sua mãe, que é costureira. “Ela apresentou a fita métrica, que mede tamanhos e panos a serem cortados”, descreve. “Mesmo que você ache que não vai haver matemática [na profissão], ela vai estar ali”, complementa a aluna Isabely Perin.

Pedreiro, costureira e vendedor foram algumas das profissões analisadas pelos alunos ao pesquisarem o uso da matemática em diferentes ocupações

 

Dezinho acredita que outros educadores, de escolas de diferentes realidades, podem aplicar projetos similares.

“Os professores podem perceber que seus alunos são capazes de aprender sendo protagonistas de suas histórias. Que os pais ou responsáveis são grandes aliados quando se sentem úteis e valorizados. E que, de repente, somos nós que mais aprendemos”, finaliza.

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Crédito das imagens: arquivo pessoal

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