Os nove livros da lista de leituras obrigatórias da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), instituição responsável pelo processo seletivo de ingresso nos cursos da Universidade de São Paulo (USP), podem ser melhor compreendidos com a ajuda de podcasts.
Para isso, o Instituto Claro lançou um especial no qual diferentes entrevistados analisam, em cada episódio, uma das obras indicadas para as provas de literatura e língua portuguesa.
Para o vestibular deste ano, foram retirados da lista anterior “Mensagem”, de Fernando Pessoa, “Angústia”, de Graciliano Ramos, e “Campo Geral”, de Guimarães Rosa. Já as novas inclusões ficaram por conta de “Os ratos”, de Dyonélio Machado, “A Ilustre Casa de Ramires”, de Eça de Queirós, e “Água Funda”, de Ruth Guimarães.
O conteúdo de cada podcast também é transcrito e disponibilizado em formato de texto, para acessibilidade de candidatos surdos. Confira, a seguir, a análise de cada obra.
“Água Funda”, de Ruth Guimarães
Escrito por uma das primeiras autoras afro-brasileiras a alcançar reconhecimento na literatura nacional, esse livro de 1946 aborda questões como racismo, discriminação e identidade em uma sociedade atravessada pela desigualdade racial.
“Os ratos”, de Dyonélio Machado
A obra é dividida em 28 capítulos curtos e narra um homem que perambula pelas ruas de Porto Alegre (RS) em busca de alimento para o filho.
“Há um entrelaçamento de vozes: a do narrador em terceira pessoa, a dos pensamentos do [protagonista] Naziazeno e o discurso direto. Esse é sempre um bom assunto para a Fuvest explorar no vestibular”, argumenta o professor de literatura do curso Anglo Vestibulares Paulo Oliveira.
“A Ilustre Casa de Ramires”, de Eça de Queiroz
Livro publicado em 1900, após a morte do autor, mescla realismo com uma dose de fantasia. O livro traz um retrato da decadência da nobreza portuguesa contrapondo os valores de um país monarquista e os acontecimentos que levariam à Proclamação da República em Portugal, em 1910.
“Romanceiro da Inconfidência”, de Cecília Meireles
A revolta mineira de 1789 é retratada de forma poética neste livro de 1953, em que temas como liberdade e democracia são destaques.
“Quincas Borba”, de Machado de Assis
O cotidiano de pessoas da alta sociedade é retratado em uma narrativa que mistura humor, ironia e pessimismo. O personagem que dá título ao livro defende a tese do ‘humanitismo’, uma referência às teorias que estavam em pauta em 1891, ano de lançamento da obra, como o darwinismo.
“Alguma Poesia”, de Carlos Drummond de Andrade
Versos sem rima e livres, oralidade, temas cotidianos, humor e ironia são características presentes na Semana de Arte Moderna (1922) e que também aparecem neste livro, lançado oito anos depois.
“Nós Matamos o Cão Tinhoso!”, de Luís Bernardo Honwana
A luta do povo moçambicano pela independência do país africano em relação a Portugal é narrada em contos que exploram o anseio por liberdade.
“Dois Irmãos”, de Milton Hatoum
O drama familiar ambientando em Manaus (AM) é uma analogia ao Brasil, com os dois protagonistas gêmeos representando duas faces de um mesmo país.
“Marília de Dirceu”, de Tomás António Gonzaga
O autor foi exilado em Moçambique após integrar a Inconfidência Mineira. Escrito no final do século XVIII, a obra é separada em dois momentos, sendo o primeiro marcado pelo bucolismo e pelo culto à natureza e à simplicidade. Já o segundo, provavelmente escrito no cárcere, apresenta estilo pré-romantismo.
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Crédito da imagem: Paulo Pinto – Agência Brasil