Práticas corporais de aventura, também chamadas no passado de esportes de aventura, são atividades físicas e esportivas que envolvem desafios ao ar livre ou em ambientes naturais. Elas incluem arvorismo – travessia de trilhas suspensas entre árvores –, escalada – subida de paredes rochosas usando mãos, pés e equipamentos de segurança – e rapel, descida controlada de superfícies verticais em corda com equipamentos apropriados.

“Em comum, são práticas na água, terra ou ar com obstáculos, elementos imprevisíveis e que despertam emoção”, resume o professor de educação física Carlos Alberto da Silva.

Ele é autor da dissertação “Práticas corporais de aventura como conteúdo interdisciplinar em aula de educação física escolar” (2023), na qual desenvolveu uma sequência didática em conjunto com a disciplina de biologia para alunos do 1º ano da Escola de Ensino Médio de Educação Profissional de Tempo Integral Dr. Napoleão Neves da Luz, em Jardim (CE).

Em biologia, foram destacados conteúdos de botânica – estudo da estrutura, função e classificação das plantas – e ecologia, análise das relações entre os seres vivos e seu ambiente.

Trilhas com os alunos 

A sequência pensada por Silva incluiu cinco encontros que ocorrem em um parque da cidade; o primeiro envolveu as contextualizações teóricas das práticas corporais de aventurais e dos conceitos de biologia a serem estudados. Já o segundo encontro teve como objetivo compreender o sentido das trilhas para o ser humano.

“Historicamente, para o homem, as trilhas serviam para deslocamento entre regiões e buscar alimentos”, enfatiza.

A primeira tarefa foi realizar uma trilha com os alunos na qual eles deviam observar e desenhar as plantas e animais do espaço.

“Foi pensando [sobre] a importância dos demais seres vivos no processo evolutivo e sobrevivência do reino vegetal. Abordamos as características gerais das plantas e a importância da ecologia para as relações entre os seres vivos.  Por fim, os alunos perguntaram sobre os tipos de plantas e animais que habitam o parque e discutimos  como as plantas se classificam e o nicho ecológico dos seres vivos em um determinado ecossistema”, compartilha.

“Durante o percurso, realizamos discussões sobre o contexto dos seres bióticos e abióticos que contemplam aquele ecossistema”, completa.

Corridas de aventura

Após a apresentação dos alunos, foi proposta e realizada uma corrida de aventura cujo desafio era separar os alunos em grupos e solicitar que eles coletassem os lixos jogados na natureza usando instrumentos. A equipe que coletasse a maior quantidade de lixo inorgânico seria vencedora.

“Foi orientado [que eles tivessem] cuidado com objetos cortantes, como vidros”, lembra Silva. “Ao final, pudemos discutir a ação humana sobre a natureza”, acrescenta.

Já no último encontro, os professores propuseram uma corrida de orientação. “A atividade se desenvolve em um ambiente onde existem pontos de orientação, como mapas”, ensina.

Arvorismo e rapel

Arvorismo, rapel e escalada são atividades complexas devido à necessidade de materiais de segurança. Silva sugere convidar grupos especializados para demonstrá-las aos alunos ou o próprio professor fazê-la, mas sem envolver os menores.

Na sequência didática elaborada, Silva realizou uma demonstração de arvorismo com uma corda de seda, relacionando-a ao conceito de ciclo do carbono e do nitrogênio. “A corda de seda foi utilizada para fazer amarrações nas partes altas das árvores e improvisar na construção de uma tirolesa para os estudantes poderem se equilibrar e andar nas copas”, detalha. O professor explica que o termo “seda” não tem relação com o tecido de roupa. Nesse caso, refere-se a um material muito resistente e próprio para a construção da corda.

No caso do rapel e da escalada, uma árvore de grande porte e uma rocha conhecida como “pedra do morcego” – devido aos animais que habitam o local – foram escolhidas para simular a prática. Equipamentos profissionais foram apresentados aos alunos, incluindo tipos de cordas, mosquetões e cadeirinhas.

“A professora de biologia incentivou os alunos a identificarem diferenças entre a árvore usada e outras plantas menores presentes, com o objetivo de abordar as características das briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas”, completa.

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Crédito da imagem: Alistair Berg – Getty Images

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