Quando o assunto é a física presente no cotidiano, um documento simples e bastante comum na realidade dos alunos e de suas famílias é a receita oftalmológica. “Ela traz a descrição de conceitos físicos relacionados à ótica geométrica que serão utilizados por técnicos oftálmicos na hora de produzir as lentes corretoras de miopia, astigmatismo e outras deficiências visuais”, explica a professora de física da educação básica Cleuza Pereira de Oliveira.“Como muitos pacientes desconhecem essas informações, é comum não entenderem o problema visual que possuem e as informações do documento”, acrescenta.

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Foi justamente a dificuldade de pessoas leigas em compreender conceitos físicos nas receitas oftalmológicas que inspirou Oliveira a desenvolver uma sequência didática sobre o assunto. O projeto integrou sua dissertação de mestrado profissional pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). “Por meio da receita oftalmológica, é possível trabalhar com os alunos conteúdos de física como refração, Lei de Snell e as lentes delgadas”, descreve.

Diálogo com biologia

A sequência didática idealizada por Oliveira foi aplicada no 2º ano do ensino médio do Colégio Estadual Barão do Rio Branco, em Inaja (PR). Na primeira aula, a professora fez um pré-teste, com o objetivo de analisar o que os alunos sabiam a respeito das informações da receita. Para isso, foi entregue um questionário com uma receita oftalmológica apresentando apenas um tipo de deficiência visual. “Notou-se que a maioria dos alunos entregou as atividades em branco”, relata a professora.

Na sequência, ela utilizou slides para explicar o conteúdo sobre índice de refração e ângulos de incidência. “Foi trabalhada a equação que descreve a Lei de Snell. Por fim, os tipos de lentes delgadas e para que servem”, conta. Na segunda aula, foram explicados os conteúdos sobre anatomia e fisiologia do olho humano em um diálogo com a disciplina de biologia – disciplina também lecionada por Oliveira em outra escola. “O objetivo era que os alunos conhecessem as partes e o funcionamento do olho humano”, explica.

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Na terceira aula, foram apresentadas aos alunos as deficiências visuais e as devidas lentes corretoras. “E também outras deficiências visuais que não possuem lentes corretoras”, acrescenta Oliveira. Ainda nesse momento, a professora ensinou os termos que aparecem em uma receita oftalmológica e tipos diversos desse documento, com lentes corretoras para diferentes deficiências visuais.

“A última aula foi destinada a um pós-teste para avaliar se os estudantes conheciam: a receita oftalmológica; a anatomia e fisiologia do olho humano; as lentes convergentes e divergentes, assim como sua aplicação nas diversas deficiências visuais”, descreve a professora.

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Atualizado em 10/02/2022, às 13h49

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