Qual a primeira coisa que lhe vem à cabeça quando você pensa em física? Geralmente, são conteúdos vinculados à física moderna, como Albert Einstein e sua teoria da relatividade, ou achados científicos recentes, bastante veiculados pela mídia. “Esse universo de descobertas acaba fazendo parte do imaginário dos alunos. Contudo, o conteúdo curricular não contempla isso, sendo voltado para a física clássica, o que pode gerar certa distância entre a ciência e a escola”, explica a coordenadora do Instituto Sul-Americano para Pesquisa Fundamental (ICTP-SAIFR), vinculado ao Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Ana Luiza Sério.

Para trazer subsídios para os professores do ensino médio abordarem assuntos da física moderna em a sala de aula, o ICTP-SAIFR e o  Instituto Serrapilheira traduziram planos de aula do Perimeter Institute for Theoretical Physics (PI), do Canadá.

“Essa instituição é formada tanto por pesquisadores teóricos quanto por educadores, de modo que os materiais que eles produzem possuem uma preocupação didática e dialogam com a realidade do docente”, assinala Sério, que também leciona a disciplina no Colégio Vera Cruz, em São Paulo (SP).

“Os recursos são de grande valia porque muitos temas da física moderna sequer fazem parte da graduação do professor. No meu caso, por exemplo, física de partículas não integrou meu currículo na faculdade”, afirma.

Olhar para o universo

Além dos materiais didáticos, o ICTP-SAIFR oferece formações presenciais para professores da rede pública de todo o Brasil. Entre elas, uma formação que auxilia o docente a trazer descobertas recentes que ganharam o Prêmio Nobel de Física para a sala de aula.

Sério recomenda três materiais didáticos traduzidos, disponíveis no site PI, que podem ajudar qualquer educador da disciplina na abordagem dessas pesquisas científicas premiadas. “Nos livros, há indicações de atividades e experimentos realizadas com artefatos simples”, orienta.

O primeiro material é sobre exoplanetas, que garantiu a Michel Mayor e Didier Queloz o Nobel 2019. “Para entender como medir esses corpos celestes, o professor pode usar gráficos e temas que estão no currículo escolar, como velocidade translação”, indica.

O docente também pode contar com o vídeo Detectando exoplanetas – Nobel de Física 2019, no qual a professora do Centro de Radioastronomia e Astrofísica da Universidade Mackenzie, Adriana Valio, fala sobre o que são exoplanetas e a importância de seu estudo para compreender e desenvolver teorias de formações planetárias.

O segundo recurso didático trata da expansão do universo – Nobel de 2011 para Pertmutter, Schmidt e Riess. “Não é um assunto que faz parte do conteúdo regular da disciplina, mas pode-se abordar velocidade e diferentes unidades de medida”, acrescenta.

Já sobre os premiados mais antigos, outra opção é o plano de aula “Partículas e a câmara de bolhas”, com conteúdo que pode ser associado ao Nobel de 1960 (Don Glaser) e de 1969 (Murray). “Por meio de grandes descobertas e experimentos, o aluno acaba aprendendo como pensa o cientista, que a ciência é uma produção coletiva e que o conceito de verdade é abstrato: não existe verdade absoluta. São temas implícitos nas atividades e que contribuem para combater esse momento de negacionismo da área”, aponta a pesquisadora.

Além dos materiais sobre os ganhadores do Prêmio Nobel de Física, o site do IP conta com recursos educacionais gratuitos sobre diversos temas da física. Outros vídeos sobre conteúdos da disciplina explicados de forma didática podem ser encontrados no canal do YouTube do ICTP-SAIFR. Há também o calendário de cursos de formação presenciais gratuitos para professores da rede pública no Instagram da Instituição.

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Crédito da imagem: Wavebreakmedia – iStock

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