Além de ser responsável pela produção de alimentos, o solo participa do ciclo da água, do equilíbrio dos gases na atmosfera, da regulação do clima e é habitat para organismos como bactérias, fungos e insetos.

“É essencial que os estudantes compreendam que o solo não é apenas o substrato sob nossos pés, mas desempenha uma série de funções vitais”, destaca o doutor em geografia e professor da rede estadual de ensino da Paraíba Carlos de Oliveira Bispo.

“Todos os organismos terrestres dependem da cadeia trófica que começa no solo”, acrescenta o coordenador do Programa Solo na Escola da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Marcelo Ricardo de Lima.

Apesar de o estudo do solo ser mais enfatizado em disciplinas como ciências, geografia e biologia, ele pode ser abordado de forma interdisciplinar e em conexão com a educação ambiental.

“A geografia, por exemplo, pode tratar da relação entre o homem e o solo em determinado espaço. A história analisa a ocupação e o uso do solo ao longo do tempo. Já em ciências explora-se a interação da fauna e da flora com as estruturas do solo”, resume o professor de geografia da rede municipal de Magé (RJ) e da rede estadual do Rio de Janeiro Bruno Luiz Laport.

“Por exemplo, em trabalhos que fiz com estudantes do sétimo ano sobre reflorestamento do solo, contamos com o apoio dos professores de matemática, que desenvolveram atividades explorando medidas, e da professora de artes, que organizou uma apresentação de dança na área de replantio”, compartilha Laport.

Para Bispo, pode-se abordar a composição e as funções do solo com alunos dos anos iniciais do ensino fundamental por meio da observação de áreas da escola ou do entorno

“No ensino fundamental II, é possível aprofundar o tema, abordando questões como a degradação do solo e suas consequências socioambientais. Já no ensino médio, essa discussão pode ser ampliada com análises críticas, promovendo reflexões sobre sustentabilidade e a importância da preservação do solo”, opina.

Destacando a erosão

A erosão é caracterizada pela desagregação da estrutura do solo causada pelo vento ou pela água. “Quando o solo está sem cobertura vegetal, a perda pode chegar ao equivalente a um campo de futebol”, relata Lima.

Para ele, é importante os estudantes entenderem que o solo é um recurso natural frágil.

“O tempo de formação dele é longo, necessitando de centenas de anos para formar um único centímetro de solo. Contudo, ele pode ser perdido rapidamente por erosão ou ser degradado por compactação, poluição, perda da fertilidade, impermeabilização e outros processos de degradação”, complementa.

“Entre os fatores que o tornam vulnerável estão a retirada de sua cobertura vegetal, a remoção excessiva de nutrientes pelas colheitas, a adição de lixo e outros poluentes e o tráfego excessivo de máquinas, pessoas e animais sobre ele”, adiciona.

A seguir, conheça quatro experimentos para ajudar alunos da educação básica a entender a conservação dos solos. O professor pode encontrar ainda outras opções no livro “Experimentos na Educação em Solos“, do Programa Solo na Escola da UFPR.

1) Simulador de erosão

Atividade recomendada para alunos do sexto ano do ensino fundamental por Carlos de Oliveira Bispo.

Materiais necessários: três garrafas PET (dois litros) para acomodar os solos; três copos de garrafas PET (dois litros) para coletar o material erodido; uma garrafa PET (um litro) cheia de água, que irá funcionar como regador para simular a chuva; dois quilos de solo; um tufo de grama viva; restos vegetais mortos (folhas secas).

Procedimento: Com a tesoura, corte um retângulo na parte superior das três garrafas PET de dois litros. Corte as outras três garrafas PET de dois litros ao meio, preservando a parte inferior (copo). Na primeira garrafa, coloca-se uma touceira de grama com solo. Na segunda, disponha dois quilos de solo, até aproximadamente a altura da tampa da garrafa e, em seguida, os restos de plantas na superfície até cobrir completamente o solo. Na terceira garrafa, despeje cerca de dois quilos de solo, sem nenhuma cobertura. As três garrafas são dispostas lado a lado e levemente inclinadas, de modo a simular a declividade do relevo. Posicione os três copos cortados, embaixo da boca de cada uma das garrafas plásticas. Adicione água, com um regador, por meio da abertura retangular feita na parte superior de cada garrafa plástica, simulando a chuva.

2) Bola de sementes

Atividade recomendada para alunos do sétimo ano do ensino fundamental.

“As bolas de sementes são importantes na recuperação de solos degradados contribuindo também para a formação vegetativa”, aponta Laport.

Materiais necessários: quatro partes de terra, uma de húmus, uma de argila, cinco a dez sementes.

Procedimento: Misture todos os ingredientes. Molde a massa em formato de bolas e deixe-as secar por 24 horas ou até estarem firmes.  Arremesse as bolas em áreas onde deseja que as plantas cresçam. Quando chover ou a umidade aumentar, a argila se desfaz, liberando as sementes para germinarem.

3) Composteira de garrafa PET

Materiais necessários: duas garrafas PET, estilete, prego pequeno, isqueiro, terra, folhas frescas, restos de vegetais e meia de nylon.

Procedimento: A primeira garrafa formará a base da composteira. A segunda garrafa vai formar uma espécie de funil, então é preciso cortar apenas um pequeno pedaço da parte de baixo dela. Esquente o prego e realize pequenos furos na parte da base dessa segunda garrafa e também na tampa da garrafa cortada, por onde escorrerá o chorume. Encaixe a garrafa com a tampinha furada para baixo na outra garrafa

A primeira camada será formada pelas pedrinhas, evitando que os buracos da tampinha sejam entupidos. Acrescente um pouco de terra. Acima, colocamos os restos orgânicos frescos. Acima dos restos orgânicos frescos vêm as folhas secas. Utilize 2/3 de material fresco e 1/3 de material seco. Esse arranjo foi pensado para permitir o uso de uma quantidade maior de restos de alimentos, que serão reaproveitados ao invés de descartados junto com o lixo comum. Para finalizar a montagem, acrescente um pouco de água e feche a parte de cima com um pedaço de meia de nylon. Confira fotos da composteira e outras dicas de como montá-la no site do Parque de Ciência e Tecnologia da USP.

4) Infiltração da água em diferentes solos

A atividade, prevista no livro Experimento na Educação em Solos, da UFPR, visa demonstrar a capacidade de infiltração e retenção da água em diferentes tipos de solo e a importância da matéria orgânica na retenção da água.

Materiais necessários: dois copos de solo seco arenoso ou areia de construção; dois copos de solo argiloso (não pode argila para modelar); dois copos de solo de floresta, mata ou parque, três garrafas PET de dois litros transparentes; pedaços de tecido; barbante; água; tesoura; canetinha; barbante, um copo (200 ml) vazio.

Procedimento: As amostras de solo devem ser espalhadas e deixadas secando ao sol por alguns dias sobre folhas de jornal. Em seguida, as garrafas plásticas são cortadas ao meio, utilizando a parte da boca como funil e o fundo como suporte. Um tecido é preso com barbante ou elástico na boca das garrafas-funil, que são apoiadas sobre os suportes feitos com o fundo das garrafas. As garrafas-funil são numeradas de um a três e preenchidas com duas medidas de cada tipo de solo: arenoso na garrafa 1, argiloso na 2 e solo de mata na 3. Depois, adicionam-se dois copos de água em cada garrafa simultaneamente, para comparar o tempo de infiltração. Observa-se o tempo que a água leva para começar a pingar, o tempo que continua pingando e a quantidade de água liberada, marcando os níveis no suporte. Também se avalia a cor da água que escorre. Os resultados são comparados e discutidos em sala de aula.

Veja planos de aula sobre solo:

Erosão dos solos e deslizamentos de encostas nas áreas urbanas

Os seres vivos e os solos

A importância dos solos

Preservação do solo e agricultura

Ocupação do solo na Amazônia

Crédito da imagem: Arisara_Tongdonnoi – Getty Images

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments

Talvez Você Também Goste

Descubra 7 dinâmicas para o primeiro dia de aula

Atividades ajudam a acolher os alunos e a reduzir a ansiedade no início de um novo ciclo

Confira 7 atividades para ensinar escrita criativa de poesia 

Propostas ajudam a despertar sensibilidade e a trabalhar aspectos visuais e rítmicos

Conheça 5 jogos de RPG para ensinar ciências e biologia

Atividades permitem abordar temas como biomas, botânica, metabolismo e sistemas respiratório e digestivo

Receba NossasNovidades

Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!

Receba NossasNovidades

Assine gratuitamente a nossa newsletter e receba todas as novidades sobre os projetos e ações do Instituto Claro.