As séries podem ajudar a entender mais sobre a não binariedade, que se refere a pessoas que não se sentem – ou não se sentem o tempo todo – pertencentes aos gêneros masculino ou feminino.

“A arte proporciona um processo cíclico de retroalimentação de um determinado assunto em sociedade: ou as pessoas sentem a necessidade de discuti-lo e ele começa a aparecer nas obras, ou as obras trazem o tema e este passa a ser mais discutido”, explica a doutora em comunicação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e crítica de cinema Enoe Lopes.

No caso de pessoas não binárias, porém, a representatividade no audiovisual ainda é baixa, como analisa a pesquisadora e roteirista Lírio do Pará.

“A quantidade de personagens que possuem narrativas que não perpassam a visão binária de gênero e de mundo ainda é mínima. Para pessoas não binárias, essa representação é importante para que elas se vejam em histórias e não se sintam sozinhas e para que todos saibam que elas existem”, compartilha Pará.

“Quando a gente não está no audiovisual, está à margem e se sente invisível. Porém, mais do que simplesmente se ver na tela, é importante se ver bem representado, o que são duas coisas diferentes”, opina Lopes.

Mudança de cenário

Apesar da pouca representatividade de pessoas não binárias no cinema em geral, Pará enxerga mudanças positivas.

“Eu entendo que as obras artísticas estão em um processo de letramento em relação a outras existências que fogem do binarismo de gênero. Esse espaço foi conquistado por meio de muita luta das próprias pessoas não binárias”, descreve.

Pará roteirizou e interpretou no curta-metragem Mururé, que narra a história de uma jovem não binária da ilha do Combu, em Belém (PA), que vive um encontro transformador com a floresta amazônica.

Na hora de consumir essas obras, porém, a roteirista cita como ponto de atenção para os espectadores evitar aquelas que apoiem o chamado transfake, ou seja, quando atores cisgêneros interpretam personagens trans e não binários.

Já Lopes lembra que é importante que filmes e séries não fiquem apenas na questão da não binariedade na hora de desenvolver a narrativa dessas personagens. “Elas têm tempo de tela? As histórias delas têm um desenvolvimento ou somem? Elas se relacionam com outras personagens?”, questiona.

A seguir, listamos cinco séries que trazem personagens não binários e ajudam a compreender melhor essa identidade de gênero.

1) Sex Education – terceira e quarta temporadas

A série introduziu Cal Bowman, personagem não binário interpretado por Dua Salehe, e aborda questões como: identidade de gênero, uso de pronomes neutros e rigidez de vestimentas rígidas para homem e mulher. Na quarta temporada, sua narrativa se aprofunda e passa a explorar desafios de pessoas transmasculinas, como processo de hormonização com testosterona. “Penso que é o que mais abrange e contempla o que seria uma personagem não binária”, opina Pará.

2) Grey’s Anatomy – 18ª temporada

A série apresentou Kai Bartley, primeira pessoa médica não binária da equipe do hospital. “A personagem é aprofundada e não fala só sobre não binariedade, mas sobre trabalho e relação afetiva, saindo de estereótipos”, recomenda Pará.

3) Sandman

“Há a personagem Desejo, que não tem gênero definido, sendo um arquétipo”, analisa Pará.

4) And Just Like That…- primeira e segunda temporadas

A continuação de “Sex and The City” apresenta a pessoa comediante de stand-up Che Diaz, que vive um relacionamento com Miranda.

5) Loki

Na série da Marvel, o deus nórdico das travessuras é apresentado como um personagem gênero fluido, que significa que ele não se identifica exclusivamente como homem ou mulher.

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Crédito da imagem: skynesher – Getty Images

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