O contato dos estudantes com a natureza deve se fazer presente no currículo tanto do ensino fundamental e médio — na área de conhecimento das ciências da natureza — quanto na educação infantil como eixo norteador. 

“Porém, ainda enfrentamos desafios para recriar escolas mais verdes, conectadas com seus territórios e adotar propostas educativas que contemplem as várias dimensões humanas  —  física, cultural, social e cognitiva — lançando mão da natureza e dos espaços abertos como estratégias de aprendizagem”, opina o coordenador de educação do Instituto Alana, Gabriel Salgado.

Para crianças e adolescentes, o convívio com a natureza é fundamental para o seu desenvolvimento integral e beneficia a saúde física — como a imunidade — mas também a parte emocional, como explica Salgado. 

“Estar de maneira contínua e saudável na natureza facilita à criança ter boa memória e motricidade, além de fortalecer a atenção plena, o aprendizado ativo, a criatividade e a sociabilidade”, lista.

“Além disso, tais medidas também são ótimas para a comunidade escolar e para a cidade”, complementa.

Para o especialista, ações e projetos para incorporar mais natureza no ambiente escolar devem ser construídas coletivamente pela própria comunidade escolar e também ser tema de políticas públicas, algo que ainda não é uma realidade.

“Isso passaria pela construção de práticas e conteúdos que tenham condições de chegarem no chão da escola, seja pela garantia de boa estrutura —  com escolas com áreas verdes externas, por exemplo — seja de tempo para que esse fazer educativo possa se estabelecer”, completa.

Ainda assim, professores e gestão podem lançar mãos de alternativas para incorporar mais natureza no ambiente e prática escolar. Conheça sete possibilidades! 

Retirar a pavimentação da escola 

O concreto pode dar lugar a terra, grama, hortas e outras plantações e áreas para um livre brincar. Porém, a escola pode ou não ter autonomia para esta decisão, devendo ser validado com a secretaria de educação. 

“Vale lembrar que algumas escolas não têm a oportunidade de retirada de pavimentação, seja por infraestrutura ou falta de espaço. Nesse caso, um caminho é a expansão das ações da escola para o território, considerando o entorno, como canteiros em calçadas, praças e até parques urbanos”, orienta Salgado.

Incorporar mais natureza aos materiais escolares 

Materiais feitos com elementos naturais, como madeira e fibras trançadas, ou mesmo itens recolhidos dos passeios a áreas livres, como gravetos, folhas, flores e sementes — podem aumentar o contato com a natureza e estimular as crianças a terem outras experiências sensórias e de aprendizagens.   

“As oportunidades são diversas: da curadoria para materiais paradidáticos que envolvam a presença da Natureza na literatura, por exemplo, como  materiais didáticos com práticas e reflexões conectando a natureza às diversas áreas do saber”, destaca Salgado.

O Projeto TiNis — Terra de Crianças, oferece atividades que refletem sobre o potencial das sementes. Outras possibilidades são criar herbário, terrário, carpoteca e outras atividades mão na massa com os estudantes.

Transformar grades e muros em jardins 

  Muitas escolas púbicas possuem grades e muros nas suas delimitações. “Essas grades podem dar espaço a abundantes pergolados cheios de trepadeiras, que irão atrair passarinhos e polinizadores”, sugere Salgado. Os muros também podem ser utilizados para a criação de jardins verticais ou receber igualmente espécies de trepadeiras. 

Explorar o entorno da escola

  O entorno da escola pode ser ‘verdejado’ e ocupado pelos estudantes. “Uma  opção é mapear o bairro e as possibilidades de espaços públicos para que os estudantes possam estar ao ar livre”, indica Salgado.

Para os educadores, ele explica que o primeiro movimento de ‘desemparedamento’ da educação é ir para fora da sala de aula. 

“Mas não adianta sair e continuar com atividades dirigidas e herméticas. A organização do tempo, do espaço, a construção de uma ambiência adequada é imprescindível para as crianças poderem acessar os elementos da natureza, explorar com liberdade e ter o tempo para isso respeitado”, orienta.

Aproveitar pátios e áreas externas nas aulas

Pátios escolares e as áreas externas podem ser usados para a exploração da criança na rotina escolar e não ficar restritos somente ao intervalo e momentos de descanso. 

“O brincar livre deve ser reconhecido como motor de descoberta, de construção de conhecimento e interação da criança no mundo”, defende Salgado.  

Preparar o ambiente com intencionalidade

Os ambientes devem ser preparados com intencionalidade para promover a experiência das crianças com a diversidade de vida existente neles. O objetivo é ampliar as experiências e estimular todos os sentidos da criança.

“O educador deve cuidar da ambiência a partir da disposição de materiais adequados — de preferência naturais e não estruturados — e da natureza, por meio dos jardins e materiais naturais com aromas, água e elementos que tragam organicidade”, afirma o especialista.  

Após o ambiente estar preparado pedagogicamente, deve-se permitir que a criança faça suas escolhas no mesmo de forma autônoma.

Propor mais atividades ar livre nos ensinos fundamental e médio

Após a educação infantil, o contato dos alunos com a natureza tende a se limitar. Segundo Salgado, na educação fundamental e ensino médio, o desemparedamento está intimamente relacionado à aprendizagem ao ar livre. 

As possibilidades incluem aulas em espaços abertos, seja em pátios escolares ou em espaços públicos e educativos fora da escola. 

“É uma  educação mais conectada com todo o ambiente e contexto do estudante, que cria sentido a partir de suas experiências em um processo de educação integral no qual o corpo todo participa da construção de conhecimento”, justifica Salgado.

Veja mais: 

Plano de aula — Contato com a natureza

Livro gratuito ensina a transformar o espaço escolar para possibilitar aprendizado com a natureza

6 dicas para usar o entorno da escola como espaço educativo

Horta na escola possibilita o ensino de educação alimentar, ambiental e de conteúdos curriculares

Educação patrimonial vai além de valorizar monumentos do município

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