Decomposição foi um dos temas ensinados na disciplina de ciências com os alunos do ensino fundamental I da Escola de Tempo Integral (ETI) Almirante Tamandaré, em Palmas (TO). Paralelo à sala de aula, os estudantes aprendiam, na prática, a compostagem com cascas de alimentos, pó de café, poda da grama e palhas de milho. Ao final, o composto foi utilizado na horta da escola.

“A horta é um laboratório vivo que possibilita o desenvolvimento de várias atividades pedagógicas, sendo uma importante ferramenta no processo de ensino. Além disso, essas práticas proporcionam a vivência e o contato direto com o meio ambiente”, defende a engenheira ambiental Lícia Maracaípe. Ela e o técnico florestal José Duarte são responsáveis pelo projeto “Roça na Escola” na unidade e trabalham em conjunto com os professores e a coordenação pedagógica. A iniciativa acontece, ainda, em outras 10 escolas da rede pública da cidade, tanto na zona urbana quanto rural.

O projeto é formado por horta, roça e tanques de peixes, e combina, além de conteúdos do currículo, educação ambiental e alimentar. As frutas, verduras e legumes produzidos pelos alunos são consumidos nas refeições da escola e, o excedente, é vendido para a comunidade escolar ou doado para instituições.

Os alimentos produzidos pelas escolas são consumidos na merenda e, o excedente, vendido ou doado para a comunidade (crédito: divulgação)

 

“Produz-se uma alimentação saudável, sem agrotóxicos, de alto valor nutricional e de baixo custo, além de melhorar a qualidade do ensino de forma interdisciplinar”, descreve Maracaípe. “E por meio das atividades na roça, os alunos aprendem temas como sustentabilidade, agroflorestas, recuperação do solo, entre outros”, complementa.

Oportunidades pedagógicas

Segundo a pedagoga e diretora da Escola Agroecológica de Tempo Integral Fidêncio Bogo, Joselaine Queli Fiametti, as reuniões para o planejamento das aulas são semanais e acontecem entre os professores e a equipe técnica. “Os educadores que fazem carga horária de 20 horas, possuem sete horas destinadas ao planejamento das aulas e formação, e os de carga horária de 40 horas, 13 horas para atividades extraclasses”, destaca.

Em determinadas atividades, outros profissionais são convidados a visitarem a escola. “Por exemplo, um dos educadores da escola indicou que trabalharia com o bioma do cerrado. Chamamos um especialista em recuperação do solo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O professor de matemática aproveitou a oportunidade para falar sobre a metragem de áreas e os docentes de língua portuguesa e artes fizeram sugestões também. Assim, a partir de um mesmo tema, diversas aprendizagens são desenvolvidas”, assinala.

Em outros momentos, os alunos são convidados a terem aulas no campo, como as visitas às plantações de milho. Na pauta, aprendem sobre a fisiologia do milho e a diferença entre os cereais.

“Por fim, há situações inesperadas que também são aproveitadas para a prática pedagógica. Por exemplo, foi identificado um enxame de abelhas em uma escola. A colmeia foi retirada e os alunos assistiram a iniciativa. Na sequência, os professores aproveitaram para trabalhar questões relacionadas a esse inseto”, relata Fiametti.

Segundo ainda a diretora, a interdisciplinaridade é construída com a participação ativa dos alunos. “Há uma intenção pedagógica nas atividades, mas nem sempre o professor vai dizer: ‘abram o caderno de matemática, depois o de língua portuguesa’. Conforme os alunos vão aprendendo, eles mesmos vão traçando suas inferências”, complementa.

Entendo o ciclo

Isaque Carvalho Borges, que tem 10 anos, estuda no 5° ano da ETI Almirante Tamandaré e diz que leva o que aprende para além da escola. “Eu aprendi como eu posso plantar os alimentos de uma forma natural e sem agrotóxicos. E que tudo que nós plantamos na escola, nós comemos”, explica. “Além disso, o que aprendi sobre alimentação saudável, levo para casa. Aprendi a comer e gostar de salada”, brinca.

Da plantação das mudas à colheita, os alunos são envolvidos em todo o processo do desenvolvimento dos alimentos (crédito: divulgação)

 

Para Maracaípe, há uma tentativa de envolver os alunos em todos os processos. “Ministramos aulas de germinação de sementes de alface, e posteriormente, fazemos o plantio dessas mudas na horta com a ajuda dos alunos que fizeram a germinação. Após a semeadura, esses alunos fazem visitações periódicas na plantação para acompanhar o crescimento e desenvolvimento dessas hortaliças até a sua colheita, que, muitas vezes, é feita por eles mesmos. Ou seja, eles participam de todo o processo: germinação, plantio e colheita”, finaliza.

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