A cozinha afrodiaspórica é uma expressão culinária que abraça as tradições gastronômicas africanas e afrodescendentes, ressaltando ingredientes, técnicas e pratos que celebram a cultura e a história desses povos e comunidades.
Com raízes profundas em diversas regiões do continente africano, assim como nas diásporas resultantes da escravidão, essa culinária destaca sabores, especiarias marcantes e uma conexão única com a terra e os alimentos. A comida, nessa perspectiva, prioriza os alimentos naturais, a cultura das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) e a afetividade que envolve o preparo da alimentação.
Ao ensinar a cozinha afrodiaspórica para crianças e adolescentes nas escolas, abre-se uma porta para a compreensão e valorização da diversidade cultural, promovendo o respeito às tradições alimentares de diferentes povos.
Assim, essa abordagem não apenas enriquece o repertório gastronômico dos estudantes, mas também os sensibiliza para questões de identidade, história e justiça social.
Para completar, a cozinha afrodiaspórica também incentiva os alunos a desenvolverem uma alimentação saudável e a ter maior senso crítico a respeito do que se consome. Veja abaixo cinco livros que nos ensinam sobre cozinha afrodiaspórica.
A cozinha dos quilombos: sabores, territórios e memórias
Fernandes, Marinêz Teodóro Editora Instituto Dagaz, 2016
Disponível em versão digital, o livro é resultado de uma pesquisa de práticas culinárias de 29 comunidades quilombolas do estado do Rio de Janeiro, incluindo a região metropolitana, centro fluminense, região serrana, vale do paraíba, planícies litorâneas, região da Costa Verde, entre outros.
Arte culinária na Bahia
Manuel Querino, Livraria Progresso Editora, 1957.
Manuel Raimundo Querino (1851-1923) foi um intelectual baiano que atuou como professor, artista, ativista e historiador. Sua obra consiste em um inventário sobre a culinária da Bahia, abordando tanto receitas de origem africana quanto afro-baianas, assim como os ingredientes e os processos artesanais das cozinhas dessa região.
Cozinheirinhos da diáspora
Aline Chermoula, Editora Conexão 7, 2021.
A autora pesquisa a culinária da diáspora africana pelas américas e, em seu livro, utiliza ingredientes ancestrais como abóbora, coco, inhame, batata-doce e quiabo para criar com crianças receitas práticas e acessíveis. Assim, ajuda a fortalecer os vínculos familiares e ancestrais por meio da alimentação, ao mesmo tempo em que promove o conhecimento sobre a culinária afrodiaspórica.
Panela sergipana: Sabores da terra de araras e cajus
Paloma Naziazeno, Editora Códice, 2019.
O livro resgata 15 alimentos e 14 receitas tradicionais da culinária sergipana, além de apresentar histórias, memórias e o conhecimento envolvido na preservação desses saberes gastronômicos. Entre os pratos destacam-se capeletti de Major Gomes com manteiga de cominho, pirambeba no limão galego, crocante de maniçoba com vinagrete de caju e tartar de saburica. Escrita de maneira poética, a obra conta ainda com um registro fotográfico dos produtos e das receitas.
Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) no Brasil
Valdely Kinupp e Harri LorenzI, Plantarum, 2014.
As Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) são espécies vegetais comestíveis, muitas vezes encontradas na natureza ou em cultivo doméstico, mas que não são comumente utilizadas na alimentação cotidiana. Porém, apresentam potencial nutricional e gastronômico. O livro reúne 10 anos de pesquisa dos autores sobre as PANCs consumidas em diferentes regiões do país e do mundo. Além de informações sobre as espécies, apresenta também receitas ilustradas.
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