A decolonialidade é uma abordagem recente das ciências sociais e humanas que aponta a permanência de influências culturais, religiosas e econômicas do período colonial no Brasil e em outros países, sendo muitas delas ainda negadas e desconsideradas. Esse campo de estudos entende que, mesmo após o fim do colonialismo, a colonialidade continuou sendo reproduzida em narrativas do cotidiano que oprimem os povos historicamente dominados e silenciados pelo homem branco. Opressão que se faz presente em toda a sociedade, incluindo no ambiente escolar.
Porém, ao analisar essas estruturas de exploração, imposição cultural e religiosa sobre populações conquistadas, o pensamento decolonial possibilita que as vozes dos dominados sejam finalmente resgatadas e valorizadas, podendo ocupar um lugar de valor na História. Conheça, a seguir, cinco livros que ajudam o professor a melhor entender o pensamento decolonial e também como este pode dialogar com a educação.
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Decolonialidades na educação em ciências
Bruno A. P. Monteiro e outros (autores); Livraria da Física; 2019
A obra reúne autores que se propõem a pensar a educação em ciências valorizando a diversidade, a busca por justiça social e o diálogo. Assim, buscam promover relações entre saberes e culturas que sejam mais horizontais, democráticas e igualitárias.
Decolonialidade e concepções de língua – Uma crítica linguística e educacional
Leandro Queiroz (autor); Pontes Editores, 2020.
O Brasil exclui do currículo oficial línguas indígenas e de outros povos que foram colonizados. Este é um exemplo da necessidade de uma pedagogia que ensine a falar e pensar com, e não mais contra, as heranças linguísticas das populações tradicionais, que foram negadas e dominadas, mas que também contribuíram para construir o Brasil de hoje.
Por uma pedagogia decolonial na América Latina: reflexões em torno do pensamento de Paulo Freire e Orlando Fals Borda
João Colares da Mota Neto, Editora CRV, 2016
Analisar concepções decoloniais no pensamento de Paulo Freire e Orlando Fals Borda é o ponto de partida dessa obra. Ela busca identificar como esses são estruturados e se expressam na educação popular promovida por esses dois educadores.
Um feminismo decolonial
Françoise Vergès, Ubu Editora, 2020
A autora revela a realidade das mulheres “racializadas”: empregadas domésticas e faxineiras provenientes dos países do eixo sul, que limpam o mundo. Por meio delas, reivindica “um feminismo decolonial”, ou seja, que torna visível heranças coloniais nas sociedades dos dias de hoje, ainda que essas estruturas sejam negadas. Esse feminismo considera as consequências da colonização nas relações atuais de gênero e raça.
Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico
Joaze Bernardino-Costa, Nelson Maldonado-Torres, Ramón Grosfoguel (autores); Editora Autêntica; 2019
O livro traça um diálogo entre pensadores decoloniais, feministas negras, intelectuais e ativistas antirracistas e negros. Além disso, avalia o posicionamento decolonial que se fez presente nos processos de resistência das populações afrodiaspóricas brasileira, caribenha, norte-americana e africana.
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