Fazer cinema na escola é uma forma de usar a narrativa audiovisual para trabalhar não apenas conteúdos curriculares como também aqueles do cotidiano dos alunos, conforme explica o professor da Emef Henrique Souza Filho Henfil, de São Paulo (SP), Bruno de Souza Rodrigues Ferreira. “É uma ferramenta de aproximação de contextos”, explica ele, que lidera na escola o projeto “Henfilmes, produzindo vídeos para promover aprendizagens”  .

Sua abordagem é produzir curtas com os estudantes utilizando o celular e enfocando temas indicados pelos próprios jovens, como gravidez na adolescência e uso de drogas. “Primeiro, a temática se torna objeto de estudo e pesquisamos suas causas, prevenções, manifestações, entre outros. Depois, assistimos a outros vídeos no Youtube e lemos materiais de sensibilização para somente daí produzirmos um roteiro coletivamente”, descreve.

Mão na massa

Para ele, o professor não deve temer iniciar uma atividade cinematográfica, ainda que não entenda do assunto. “É uma atividade horizontal na qual você contará com o apoio dos alunos, muitos deles com conhecimento em gravações e edições no celular”, explica. “A prática e a leitura também ajudam a entender melhor a linguagem cinematográfica, como os planos, posicionamento de câmera e fotografia”, garante. “Ao final, é como contar uma história substituindo o papel e lápis pela câmera do celular”, compara.

Segundo Ferreira, é igualmente importante o professor colocar a mão na massa. “Às vezes, será necessário atuar ou servir de exemplo para uma atividade que os alunos não fazem por vergonha. Ser proativo é uma forma de encorajá-los”, enfatiza.

Entre outras dicas, ele recomenda dividir a sala em grupos de no máximo dez estudantes ou trabalhar com o projeto no contraturno da escola. “Se a atividade envolver toda a turma em conjunto, não haverá função para todo mundo, uma vez que eles serão divididos em diretor, câmera, atores, editor etc.”.

Para completar, Ferreira indica perguntar aos alunos quais séries e vídeos eles gostam de assistir e também exibir trechos de filmes para analisarem coletivamente. Para iniciar essa empreitada, Ferreira indica ler os materiais online do projeto Primeiro Filme. Além disso, conheça, a seguir, outras cinco recomendações de leituras!

Fazendo cinema na escola: arte audiovisual dentro e fora da sala de aula

Alex Moletta, Summus Editorial, 2014
A obra orienta o professor a criar, produzir e realizar uma obra audiovisual em contexto escolar e com poucos recursos financeiros. Também auxilia os educadores a trabalhar com os alunos usando as tecnologias atuais, como celulares, tablets e câmeras fotográficas.

Narrativa Cinematográfica: Contando histórias com imagens em movimento

Jennifer Van Sijll, WMF Martins Fontes, 2017.
Revela 100 das mais eficazes ferramentas narrativas da mídia do cinema e como o uso intencional de técnicas, como iluminação, edição e som, pode provocar no público sentimentos de medo, aversão ou raiva sem a necessidade de diálogo.

Story: substância, estrutura, estilo e os princípios da escrita de roteiro

Robert Mckee, Arte & Letra; 2017
Ajuda a identificar elementos que distinguem histórias de qualidade das outras, além de explicar definições básicas como beat, cena, sequência, clímax de ato e clímax do filme. Para isso, traz exemplos de filmes e de cenas clássicas.

Guia para fazer seu próprio filme em 39 passos

Editora Gustavo Gíli, Edson Furmankiewicz, 2018
A obra lista técnicas que podem ser utilizadas para diversas finalidades, de criação de curta metragem a videoclipe. Entre elas, dicas de storyboard, ensaios, técnicas de filmagem e edição. Além disso, reúne dicas e citações de cineastas famosos.

Escritos de Alfabetização Audiovisual

Maria Carmen Silveira Barbosa, Maria Angélica dos Santos; Libretos, 2014
A obra registra o Programa de Alfabetização Audiovisual, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS), financiado pelo Ministério da Educação (MEC). Este incluiu o cinema como ferramenta de ensino e pensou o aluno não somente como espectador, mas como produtor.

Entre as principais iniciativas do PAA, merecem destaque a criação do Festival Escolar de Cinema; de cursos de formação continuada voltados a professores e educadores; e realização de oficinas de produção audiovisual com estudantes.

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