Biomassa é todo material de origem orgânica que pode ser usado para produzir energia, com exceção dos combustíveis fósseis e do carvão mineral. “A produção de energia é feita por queima direta ou com os líquidos e gases produzidos a partir dela, que são mais fáceis de armazenar e transportar”, descreve o professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Jorge Luiz do Nascimento. 

O etanol é um bom exemplo de produto resultante da matéria orgânica da cana de açúcar, que ainda pode ser feito por meio de vegetais, como milho e beterraba. “Há ainda o carvão, que é produzido por meio do aquecimento da lenha até que a água e outras substâncias sejam eliminadas”, aponta.

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Basicamente, a matéria-prima da biomassa vem de plantações criadas para esse fim energético (caso da cana de açúcar e do eucalipto); de sobras de outras culturas (arroz, galhos, folhas e palhas); resíduos de produção industrial (serragem, cavacos – pequenas lascas de madeira ou metal que sobram no processo de trituração ou corte – e bagaço de cana) ou mesmo da queima do lixo e do esgoto.

“Em pequena escala, também é possível aproveitar galhos e troncos em decomposição”, conta Nascimento.

Manejo sustentável

Os benefícios da biomassa como fonte de energia são diversos. Empresas que trabalham com material vegetal ou madeira, por exemplo, economizam ao aproveitar seus próprios resíduos.

Em termos de sustentabilidade, a queima desses produtos resulta em menos gás carbônico e água.

“O CO2 na atmosfera é danoso em grande concentração. Se disperso, certamente voltará para o corpo de algum vegetal”, detalha Nascimento.

O próprio ciclo produtivo da biomassa gera menos impacto ambiental. O carbono produzido pode ser captado pelas novas plantações do vegetal a ser queimado.

“Por sua vez, o aproveitamento dos resíduos industriais ainda evita o descarte no solo e água”, complementa.

Na lista de pontos negativos, destacam-se o fato dela render menos que combustíveis fósseis e ter custo mais alto quando exige transporte.

Assim, é mais econômica quando consumida no local de produção, caso dos rejeitos de indústrias”, apresenta Nascimento.

A fumaça produzida da queima da biomassa pode ter odor desagradável e ser tóxica, como acontece com o carvão.

“Essa energia exige cuidados especiais, principalmente em relação ao desmatamento para áreas de produção”, reforça o coordenador da pós graduação de Energias Renováveis do Centro Universitário Internacional Uninter, Marcelo Paranhos.

“Para evitar toxidade, é necessário separar os materiais antes de queima do lixo e filtrar substâncias prejudiciais do esgoto, por exemplo”, indica Nascimento.

Estrutura barra expansão

“Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a biomassa representa cerca de 44% da matriz energética do país, com crescimento previsto para este ano em 19%. A maior parte é de produção de etanol”, apresenta Nascimento.

“A alternativa de geração de energia a partir dessa fonte natural está acelerando à medida que a produção de resíduos sólidos aumenta, devido ao crescimento urbano e desenvolvimento econômico”, justifica Paranhos.

Internacionalmente, a biomassa é usada em países de grande extensão territorial, como a China (que se destaca pelo carvão) e EUA (metanol da madeira).

“A média mundial é de 14% de suas matrizes energéticas. Depois do Brasil, os países que mais se destacam são os EUA e a Alemanha”, informa Paranhos.

Entre os entraves para expansão, estão o menor preço e rendimento dos combustíveis fósseis, seus concorrentes.

“Também falta estrutura logística, como estradas de ferro e indústria de apoio”, finaliza o engenheiro elétrico.

Crédito da imagem: claudiio Doenitz – iStock

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