Visando combater a subnotificação – quando algo é notificado menos do que seria esperado ou devido – de casos do novo coronavírus (covid-19) nas comunidades quilombolas, o Instituto Socioambiental (ISA) lançou a plataforma Observatório da Covid-19 nos Quilombos. A iniciativa monitora diagnósticos e óbitos nesses territórios em parceira com a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).
Segundo a iniciativa, secretarias municipais deixam de informar os números de contaminação e óbitos entre essa população, colaborando com a subnotificação dos dados. Contra o problema, as instituições colhem informações enviadas por pontos focais regionais da Conaq, que acompanham a situação junto ao corpo social e as organizações locais. São contabilizadas 6.330 comunidades quilombolas em todo o Brasil.
Até 29 de maio de 2020, haviam sido registrados 197 casos e 46 mortes por covid-19 nas comunidades pelo país, com, aproximadamente, a morte de um quilombola por dia. Entre os estados, o Pará é o que tinha mais mortes (15), seguido pelo Amapá (nove), Pernambuco (sete) e Rio de Janeiro (seis).
Ainda de acordo com o Conaq, fatores agravam a situação durante a pandemia, como a falta de acesso às políticas públicas, à água potável e a hospitais, geralmente distantes das comunidades e que não disponibilizam serviços como testes rápidos.
Como não existe no Sistema Único de Saúde (SUS) uma atenção especial à população quilombola, os habitantes precisam peregrinar para outras cidades com centros de saúde mais estruturados.
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Crédito da imagem: Reprodução plataforma Observatório da Covid-19 nos Quilombos