Leonardo Valle
O site “Quarentena Indígena” é uma iniciativa voltada a combater a subnotificação – quando algo é notificado menos do que seria esperado ou devido – dos casos de coronavírus nessa população no Brasil, assim como fornecer materiais e informações para fortalecê-la frente à pandemia.
A plataforma foi idealizada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que recebe relatos e monitora novos casos de infectados e mortos em aldeias espalhadas pelo país.
“Os dados coletados por meio do nosso monitoramento próprio contrastam com os da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que são sempre inferiores”, esclarece o advogado da Apib e antropólogo, Eloy Terena.
Um dos motivos é que a Sesai não contabiliza nativos afetados que estão em contexto urbano, mesmo quando moram próximos às aldeias.
“Temos muitos estudantes e profissionais indígenas nas cidades, e outros tantos que transitam pela área urbana por necessidades variadas, como realizar atendimento médico ou fazer compras. A medida torna esses indivíduos invisíveis”, destaca.
A plataforma ainda emite alertas diários em forma de imagem, que podem ser compartilhados nas redes sociais. Além disso, disponibiliza podcast, vídeos e materiais informativos sobre o impacto da pandemia nos povos e formas de prevenção.
“O governo não realizou um planejamento específico voltado aos povos indígenas. Isso fez com que as comunidades adotassem iniciativas próprias, como material informativo na sua língua materna e diferentes formas de barreiras sanitárias”, descreve o advogado.
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Crédito da imagem: reprodução site “Quarentena Indígena”