Leonardo Valle
O reconhecimento das terras quilombolas é o tema do documentário “Quilombos do Século 21”, produção realizada pela TV Justiça, do Supremo Tribunal Federal (STF). Nele, líderes do movimento negro e historiadores afro-brasileiros discutem a questão do racismo estrutural, que vigora no país desde o fim da escravatura, em 1888.
“As identidades também se buscam no passado. O que as comunidades estão fazendo é buscar a sua identidade através da história do Quilombo dos Palmares. Não apenas na figura de Zumbi, mas na proposta de sociedade, de negociação, que foram organizadas nesse espaço”, explica o historiador Zezito de Araújo, no vídeo.
O documentário relembra que leis que foram publicadas ainda no Império impediram a emancipação dos descendentes diretos dos grupos escravizados pelos portugueses.
“Há dois aspectos: do preconceito, da discriminação e do racismo, e há o aspecto da propriedade da terra. O latifúndio, que vem das capitanias hereditárias, da sesmaria, da lei de terras, [reforça] o impedimento para que aqueles que não detem possam ter a propriedade das terras. Essas são as dificuldades para que as comunidades quilombolas possa existir pacificamente”, explica o primeiro presidente da Fundação Cultural Zumbi dos Palmares, Carlos Moura.
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Crédito da imagem: documentário “Quilombos do Século 21”