Leonardo Valle
O desmatamento e obras de infraestrutura estão prejudicando os recursos hídricos da Amazônia, segundo estudo da WWF-Brasil e do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Em média, foram perdidos 350 km2 de área coberta por ambientes aquáticos por ano, desde a década de 1980. As áreas úmidas incluem várzeas, mangues, lagos e pequenos rios, que perderam volume.
Segundo as entidades, a diminuição é causada pelas alterações no regime de chuvas, mas também pelo desmatamento, uso do solo e realização de obras como barragens, para a produção de energia. As grandes obras alteram os corpos hídricos e afetam os ecossistemas. A faixa onde estão mais evidenciadas essas múltiplas intervenções humanas coincidem com o chamado arco do desmatamento, na porção sul da Amazônia.
Entre as consequências, estão problemas com o abastecimento de água para os habitantes locais, migração e morte de animais, impacto na produção agropecuária, no turismo e na segurança alimentar. A redução de áreas alagadas diminui a população de peixes e o consumo de proteína pelos moradores da região.
Outra preocupação relacionada à perda desse recurso é que as florestas tropicais geram até 80% de sua própria chuva, especialmente durante a estação seca. Isso porque as árvores e plantas retiram água do solo e liberam vapor por meio dos poros das folhas na atmosfera, onde esfria o ar e, eventualmente, sobe para formar nuvens e chuva.
A pesquisa foi publicada na revista científica “Water/MDPI”. Os próximos passos são investigar os impactos da redução da água na vida das populações tradicionais e indígenas, na produção de alimentos e de energia e na biodiversidade.
Com WWF
Veja mais:
Pantanal registra 8 mil incêndios e 1 milhão de hectares queimados em 2019
Desmatamento zero e rotação do gado ajudam pecuária a reduzir impactos ambientais
Legado de Chico Mendes, reservas extrativistas ajudaram a frear desmatamento da Amazônia
Crédito da imagem: Lobro78