Leonardo Valle
Um levantamento da ONG WWF aponta que, até outubro de 2019, foram registrados aproximadamente 8 mil incêndios na região do Pantanal, totalizando mais de 1 milhão de hectares de área queimada. A análise foi elaborada com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e mostra que os focos de incêndio estão localizados em áreas próximas a cidades, rodovias e propriedades privadas.
A queimada formou uma linha de mais de 50 km da rodovia BR-262, segundo relatos das equipes que fazem o combate no local. O fogo tem avançado rapidamente por conta da combinação de altas temperaturas e ventos fortes.
Além disso, houve um aumento de 97% do número de focos de calor – qualquer temperatura registrada acima de 47ºC, não sendo, necessariamente, um foco de fogo ou incêndio – em comparação à média dos últimos 10 anos. Contudo, houve baixa ocorrência de fontes de calor em terras indígenas e nenhuma em áreas protegidas.
Já a queimada é uma prática que utiliza o fogo de forma controlada para viabilizar a agricultura ou renovar as pastagens. Ela deve ser feita sob determinadas condições ambientais que permitam que as chamas se mantenham confinadas à área que será utilizada.
Por sua vez, incêndio florestal é o fogo sem controle que incide sobre qualquer forma de vegetação, podendo ser provocado pelo homem (intencional ou negligência) ou por uma causa natural, como os raios solares.
O Pantanal é um ecossistema adaptado ao fogo. A ocorrência de incêndios na seca é de origem antropogênica (causado pelo homem de forma organizada – normalmente prevista em lei – ou desordenada) e está diretamente relacionada ao desmatamento e à reforma das pastagens.
Para o WWF, o aumento na ocorrência de incêndios pode estar vinculado à diminuição do orçamento dos órgãos de controle ambiental e ao atraso na contratação de brigadas de combate. No caso do Brasil, o orçamento brasileiro para combate a incêndios foi reduzido em 34%, de acordo com a entidade.
Com WWF
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Crédito das imagens: Sean Keuroghlian-Eaton/WWF-Brasil