O Instituto Claro lançou em outubro um especial em vídeo com verbetes que explicam termos debatidos na atualidade, como discriminação e preconceito. “Pós-abolição”, “feminismos negros”, “racismo institucional”, “afrocentrismo”, “consciência negra”, “justiça racial” e “cinema negro” são as expressões selecionadas em comemoração ao Dia da Consciência Negra e que fazem parte do “Dicionário das Relações Étnico-Raciais Contemporâneas”.

Cada verbete é explicado por um dos organizadores do livro. Os vídeos, produzidos para reels do Instagram, são curtos e traduzem os verbetes de maneira objetiva e ilustrada.

Publicado pela editora Perspectiva em setembro, o livro traz 55 verbetes explicados por 73 autores e foi organizado pelos estudiosos Alex Ratts, Flávia Rios e Marcio André dos Santos, além de contar com introdução do professor emérito da Universidade de São Paulo (USP) Kabengele Munanga.

Baseada na produção e nos contextos nacional e latino-americanos, segundo os autores, a obra dá luz à representatividade com autorias negras, indígenas e femininas.

Racismo institucional

Enraizado nas instituições sociais, o racismo institucional refere-se a práticas em cadeia que perpetuam a desigualdade racial e estão presentes no dia a dia. Segundo a autora Juliana Vinuto, manifesta-se de várias maneiras, como a discriminação na contratação de pessoas pelas empresas e o julgamento ou condenação criminal de um indivíduo.

Feminismos Negros

De acordo com Angela Figueiredo, é um conjunto de experiências de mulheres negras, desde o contexto da escravidão. A autora explica que “feminismos negros” diz respeito às lutas políticas das mulheres em contextos culturais, religiosos e linguísticos e é um tipo de movimentação política e intelectual que questiona a lógica escravista colonial.

Pós-abolição

O pós-abolição refere-se ao conjunto de expressões históricas, às consequências, experiências, lutas políticas e às formas de resistências desse contexto político e estruturação das desigualdades, dos preconceitos, das discriminações sociais vividas pelas pessoas que foram escravizadas e racializadas nessas sociedades, explicam os autores Ynaê Lopes e Álvaro Pereira.

Afrocentrismo:
Para o pesquisador Aderivaldo Ramos de Santana, o afrocentrismo busca resgatar e destacar a importância da África na construção da civilização humana, das contribuições da população negra e o reconhecimento da herança africana como um componente integral da diversidade e da riqueza da cultura mundial. Parte de novas perspectivas para centralizar a importância do continente africano, das produções de conhecimento dos povos africanos até então postos de lado pela perspectiva eurocêntrica.

Consciência Negra
O professor Nelson Inocêncio Silva explica que “consciência negra” é a ideia-força de que pessoas negras têm autonomia de pensamento e de organização. Comemorado em 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra, além de trazer à cena a figura de Zumbi e do Quilombo dos Palmares, propõe uma reflexão sobre a condição das pessoas negras na sociedade e sua história no Brasil desde o período escravista.

Justiça racial
Segundo a doutora e promotora de justiça do estado da Bahia Lívia Santana Vaz, “justiça racial” refere-se ao conjunto de medidas de reparação voltas à redistribuição de direitos a grupos historicamente racializados, como negros e indígenas. O termo está relacionado a questões jurídicas, políticas públicas e oportunidades de acesso à educação e a recursos sociais, situações em que podem ocorrer desigualdades. O objetivo é estabelecer equilíbrio nas relações raciais.

Cinema negro
De acordo com o sociólogo e professor Noel Carvalho, “cinema negro” traz a ideia de pertencimento. É uma expressão artística e cultural que oferece narrativas sem estereótipos da figura da pessoa negra nas produções. Isso contribui para a representatividade e para a diversidade no universo cinematográfico.

Siga-nos para acompanhar esse especial e ter acesso a outros conteúdos sobre educação e cidadania.

Diáspora negra
Segundo as historiadoras Luciana Brito e Clícea Miranda, a diáspora negra é a dispersão dos povos africanos pelo mundo, resultado, principalmente, da escravidão. A chegada da população daquele continente ajudou a formar a identidade cultural do Brasil, com suas novas tradições, expressões artísticas, músicas, danças e a religiosidade.

Quilombos
O antropólogo José Maurício Arruti e a quilombola Gilvania Maria da Silva afirmam que quilombos são comunidades de resistência formadas historicamente por africanos e seus descendentes como lugar de refúgio e luta contra a escravidão. Atualmente, os quilombos permanecem como uma experiência contínua do movimento negro e quilombola para reivindicar direitos na sociedade brasileira.

Cultura negra
De acordo com a pesquisadora e professora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (Unilab) Cristiane Santos Souza, a cultura negra engloba a multiplicidade, a diversidade e a riqueza de experiências dos povos africanos, que abrangem áreas como música, dança, religião, gastronomia e arte, além de valores e tradições. Esse conceito tem raízes profundas na história e na busca por liberdade e igualdade da população negra.

Atualizado em 22/03/2024, às 11h18.

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