A saga de Harry Potter pode ajudar a inserir componentes lúdicos e atrativos no ensino de matemática durante toda a educação básica.

“A ideia de utilizar Harry Potter nas aulas é deixar o processo de ensino e aprendizagem mais leve e divertido, tanto para o aluno quanto para o professor. O que vejo é melhora na conexão com os alunos, no dinamismo da aula, no engajamento, na criação de novos raciocínios e na fixação do conteúdo”, compartilha a professora de matemática Letícia Prestes. Ela integra o coletivo Professores Mágicos, autores de um e-book sobre como usar a saga na escola de modo interdisciplinar.

Listamos seis conteúdos do currículo de matemática nos ensinos fundamental II e médio que podem ser alinhados aos filmes e livros do bruxinho. Confira.

1) Probabilidade (ensino médio)

No filme “Harry Potter e a pedra filosofal”, os alunos são levados até o chapéu seletor para que ele decida para quais casas de Hogwarts os estudantes devem ir.  “Assim, é possível calcular com a turma a probabilidade de os alunos irem para uma determinada casa”, sugere Prestes.

Outra dica é incorporar as casas de Hogwarts no enunciado de outros problemas de probabilidade que o professor já tiver. “Sabe aqueles exemplos com urnas e bolas? Basta substituí-los por elas”, sugere.

2) Geometria plana (ensino fundamental II)

No filme “Harry Potter e as relíquias da morte – parte 1”, Harry vai à casa de Luna Lovegod e pergunta ao pai dela o que o símbolo das relíquias da morte significa. Em seu artigo no e-book dos Professores Mágicos, Prestes indica analisar a geometria dele, que pode ser tratado como uma circunferência inscrita em um triângulo equilátero. Já a capa da invisibilidade pode ser representada pelo triângulo equilátero; a pedra da ressurreição, pela circunferência inscrita, e a varinha das varinhas por uma das alturas do triângulo equilátero. A partir desses elementos, discuta ângulos e suas medidas com a classe.

3) Plano cartesiano (ensino fundamental II)

No filme “Harry Potter e a pedra filosofal”, Harry, Rony e Hermione acham que Snape quer roubar a pedra filosofal. O trio vai atrás dele e se depara com vários desafios, entre eles, uma partida de xadrez bruxo. O vencedor pode avançar e continuar a busca. Rony em cima do cavalo cita os movimentos que as peças podem fazer, como “torre na E4”.

“O tabuleiro de xadrez é dividido por linhas e colunas. Quando a torre se movimenta, por exemplo, na E4, essa é sua localização no espaço. Podemos associar isso a um plano cartesiano como sendo as suas coordenadas. O ponto P, P (E, 4), formando um par ordenado”, indica a professora de matemática.

4) Frações e números naturais (ensino fundamental II)

Em “Harry Potter e a pedra filosofal”, Harry tem o desafio de embarcar para Hogwarts na plataforma nove e meia. Ao informar ao tio Válter que iria embarcar na plataforma nove e meia às onze horas, o tio o chama de “louco de pedra”. Isso porque na estação de King’s Cross só havia plataformas com números naturais, e a plataforma nove e meia é um número racional. A partir disso, Prestes indica abordar frações, frações mistas e a representação gráfica delas.

“A plataforma 9 3/4 é um exemplo clássico de uma fração mista. O professor pode questionar: como saber onde esse número se encontra? Seria entre as plataformas 9 e 10? Ele está mais próximo do 9 ou do 10? Por quê? Represente-o em uma reta numérica e explique os motivos”, recomenda a docente.

5) Matemática financeira (ensinos fundamental e médio)

Prestes indica utilizar Gringots nas aulas de matemática financeira, por exemplo, nas atividades em que faz a conversão das moedas do mundo dos bruxos para o real e o dólar. “Pode-se estimar a fortuna dos bruxos e também perguntar: e se o universo bruxo utilizasse criptomoedas?”, questiona.

6) Análise combinatória (ensino médio)

O tema já foi explorado no Enem, na edição de 2021, quando os candidatos foram desafiados a calcular o número de anagramas da frase “I AM POTTER” sob a condição de que as vogais e consoantes fossem intercaladas. A resolução deste problema pode ser usada de exemplo.

No ebook Professores Mágicos, Prestes lembra que a poção mais famosa da saga é a poção “polissuco”. Assim, pode-se entender como a ordem desses ingredientes na poção importa e descobrir se é possível utilizar o princípio fundamental da contagem, combinação ou arranjo.

“Se o número de elementos é diferente do número de posições e a ordem importa, então utilizaremos arranjo. Mas se a ordem desses elementos não importasse, usaríamos combinação”, explica a professora no artigo.

“Suponhamos que Hermione vá preparar uma poção ‘polissuco’ para que Harry, Rony e Hermione invadam a sala comunal da Sonserina. De quantas formas possíveis Hermione pode combinar os 10 ingredientes da poção? “, exemplifica.

Veja mais:

Filmes de Harry Potter ajudam no ensino de física

Universo de Harry Potter ajuda a ensinar conteúdos de biologia

7 propostas para um ensino de matemática decolonial

7 dinâmicas para ensinar educação financeira na escola

Crédito da imagem: cena “Harry Potter e a pedra filosofal” (Warner Bros / divulgação)

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments

Talvez Você Também Goste

Emenda do Fundeb ameaça reajuste salarial dos professores

Segundo especialista, mudança no texto pode afetar recursos para pagamento de pessoal na educação

Obra de Tomie Ohtake ajuda a trabalhar arte abstrata na educação básica

A partir do acervo e da trajetória da artista é possível explorar o processo criativo, o papel social da mulher e a imigração

Como adaptar jogos eletrônicos para a educação física?

Labirinto com cones simulando Pac-Man é uma das opções para escolas com poucos recursos

Receba NossasNovidades

Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!

Receba NossasNovidades

Assine gratuitamente a nossa newsletter e receba todas as novidades sobre os projetos e ações do Instituto Claro.