A química é uma ciência que lida com a natureza e matérias primas. “Os meios aquático, aéreo ou terrestre possuem elementos químicos ou que serão transformados pela química. As propriedades e características de alguns desses recursos são modificadas e transformadas em bens e mercadorias para a sociedade”, esclarece Carlos Alberto Marques, docente e coordenador do Grupo de Investigação no Ensino de Química da Universidade Federal de Santa Catarina (GIEQ/UFSC). Porém, esses processos também são poluentes e provocam danos ambientais, o que estimulou a criação de um campo dentro da área voltado a reduzir impactos ambientais e pensar alternativas sustentáveis: a química verde.

“Enquanto a química ambiental é uma área que estuda a química no e do ambiente, a química verde é um campo que estuda a química para o meio ambiente, sendo preventiva”, destaca Marques. A apresentação da química verde é indicada nos três anos do ensino médio, auxiliando na formação cidadã dos adolescentes e dialogando com conteúdos curriculares da área de ciências da natureza . “Ajuda a desenvolver uma cultura desde a adolescência sobre cuidados com o meio ambiente, auxiliando na tomada de decisão sobre tecnologias mais limpas e menos poluentes”, pontua Marques.

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Método Estrela Verde

Muitas são as formas de apresentar a química verde aos alunos do ensino médio. Em sequência didática desenvolvida no mestrado profissional de educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Nivia Regina Vitalino de Melo propõe produzir experimentos com os alunos e checar se eles atendem aos 12 princípios da química verde.

São eles: 1) prevenção; 2) economia atômica; 3) reações com compostos com menos toxicidade; 4) desenvolvimento de compostos seguros; 5) diminuição do uso de solventes e auxiliares; 6) eficiência energética; 7) uso de substâncias renováveis; 8) evitar formação de derivados; 9) catálise; 10) desenvolvimento de compostos degradáveis; 11) análise em tempo real para prevenção de acidentes; 12) química segura para prevenção de acidentes.

Para isso, a professora usou a métrica holística da Estrela Verde (EV): uma estrela com o número de pontas relativo ao número de princípios que estão sendo avaliados. “São atividades para analisar se um experimento atende a princípios da Química Verde; para pesquisar os dados necessários para construir o gráfico Estrela Verde (EV) e avaliar um experimento e para medir o grau verde de cada princípio da Química Verde no gráfico EV”, explica sobre o produto pedagógico.

Oficinas temáticas

Mestre em Educação Profissional e tecnológica pelo Instituto Federal de Tocantins (IFTO), Gilberto Conceição Amorim realizou duas oficinas: uma de produção de sabão ecológico usando óleo vegetal descartado e outra de compostagem em garrafa pet. As sequencias didáticas desenvolvidas pelo professor podem ser consultada online.

Para as oficinas de produção de sabão com os alunos, foram necessários hidróxido de sódio, óleo residual doméstico, água e essência. “A produção de sabão ecológico se deu pelo contexto de pandemia e da necessidade de potencializar formas de higiene preventivas, mas também por questões ambientais, já que o óleo é capaz de contaminar a água”, justifica. A produção do sabão foi relacionada aos conteúdos de tipos e evidências de reações químicas, lei de proporção definida e lei de conservação de massa e matéria.

Já a oficina de criação de compostagem usando garrafa pet também teve como foco a pandemia de covid-19, no caso, visando melhorar a nutrição e a imunidade. “O objetivo era fazer uma compostagem com material de baixo custo, que coubesse em um cantinho da cozinha e que usasse matérias primas que os alunos tivessem em casa, como grama, resíduos de verduras”, destaca Amorim.

Os conteúdos curriculares relacionados foram reações químicas, elementos químicos e ciclos biogeoquímicos. Amorim também aponta a possibilidade interdisciplinar da atividade, que pode ser relacionada a conteúdos de degradação do solo, em geografia; botânica e ciclo das plantas, em biologia; e proporções, em matemática.

Ambiente virtual

Professores e alunos podem ainda acessar gratuitamente o Ambiente Temático Virtual de Química Verde (ATV-QV), que se encontra dentro do laboratório online Quimidex, da UFSC. O projeto é um produto da pesquisa de doutorado da estudante Patrícia Link Rüntzel, sob orientação do professor Carlos Alberto Marques.

O espaço virtual oferece aos alunos uma ferramenta para simular sínteses químicas e investigar se elas foram ambientalmente limpas. São quatro rotas que os estudantes podem explorar: como fazer o aroma de banana; como fazer biodiesel; como fazer sabão e como fazer ácido adípico (nylon). “Mudando alguns elementos, ele pode obter um processo mais ou menos poluentes e traçar comparações”, explica Marques.

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