O parecer 11/2020 do Conselho Nacional de Educação (CNE) regulamentou a oferta de estágio não presencial para os graduandos durante o período da pandemia do novo coronavírus (covid 19). Na Escola Estadual Elias Zugaib, em Poá (SP), os estagiários Gabriela Queiroz e Daniel Viana se uniram à professora de língua portuguesa e literatura, Priscila Abreu da Silva Souza, para um projeto que usou a linguagem do Instagram para revisar conteúdos com os alunos do 2º ano do ensino médio.

Graduanda do sétimo semestre do curso de letras do Instituto Singularidades, a dupla criou a conta @multi.estágio para trabalhar questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2019.

“A escolha pelo Instagram se deu pela adesão dos alunos e pela plataforma permitir trabalhar multilinguagens, como verbal, escrita e visual. Seu suporte para vídeo, música, gifs e gráficos e enquetes ajudam a ilustrar conteúdos curriculares”, justifica Queiroz.

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O primeiro passo foi a professora da turma criar um grupo de WhatsApp com os secundaristas que possuíam acesso à internet. Na sequência, os adolescentes foram convidados a migrarem para o Instagram.

“Não conhecíamos a turma pessoalmente, de modo que a participação da professora foi fundamental para engajar os alunos e conectá-los a nós”, resume Viana.

Conhecimento em passos

A dupla escolheu cinco temas relacionados à área de linguagens do Enem para criar as aulas via stories: hashtags, música africana, linguagem verbal, não-verbal e metáforas. A sequência de vídeos curtos foi pensada cuidadosamente, para transmitir a informação com precisão.

“Um desafio foi construção da narrativa clara, para que o aluno fosse ativando seus conhecimentos a cada slide até culminar no entendimento”, lembra Queiroz.

“Como ele se relacionaria com o conteúdo de forma assíncrona [que não é ao vivo, ou seja, pode ser acessado em outro momento], a curadoria de palavras, gifs, textos, músicas e afins, assim como a sequência escolhida, precisava ser intencional”, pontua. Cada postagem foi construída por meio de um roteiro e demorou de duas a quatro horas para sua realização.

Ao final da sequência de vídeos, por meio da ferramenta ‘enquete’, os estudantes tinham que responder a uma pergunta do Enem de 2019 sobre o tema trabalhado na aula. Os alunos que erravam a questão podiam ser visualizados e dúvidas eram respondidas por mensagens no próprio aplicativo.

Como a adesão ao projeto era voluntária, engajar os alunos foi igualmente desafiador. Abreu fez uma busca ativa para trazer a maioria dos estudantes ao conteúdo.

“Nem sempre a falta de interesse era o motivo. Como são estudantes de contextos diferentes, houve aqueles cuidando de parentes doentes, ajudando na renda de casa, com depressão, sem sinal de internet, entre outros”, relembra.

Aliando forças

Para escolas que desejam se inspirar na atividade, Viana indica se aproximar dos alunos, ainda que virtualmente, e conhecer seus interesses. “Isso ajudará a criar conteúdos agradáveis e bem direcionados”, defende.

“O período de aulas remotas permite aos educadores ousar e apostar em diferentes linguagens, sem temer”, orienta Queiroz.

“Saiba lidar com a frustração de não encontrar sempre os resultados esperados, as metodologias que funcionam para um aluno podem não funcionar para outro”, acrescenta Viana.

A troca de conhecimentos entre estagiários e o professor da escola deve ser igualmente explorada. “Eu aprendi muito com eles, principalmente sobre p uso criativo das tecnologias”, garante Souza.

Coordenador do curso de letras do Singularidades, Marcelo Ganzela orientou os graduandos a entenderem o momento de ensino remoto como um problema de aprendizagem. “Ou seja, no qual é preciso pensar estratégias e formas de se trabalhar com os alunos”, ressalta.

Ele também recomenda que os estagiários se coloquem no lugar do professor e da escola para entender as necessidades dessa comunidade.

“A pandemia trouxe uma sobrecarga de trabalho para o professor, e o estagiário pode ajudá-lo de maneiras diversas”, finaliza.

Crédito da imagem: semenovp – iStock

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