Amanda Menger tem 37 anos e é professora de história na rede municipal de Gramado (RS). Se hoje ela se dedica ao ensino, muito se deu pela inspiração de uma docente da mesma disciplina que teve no 8º ano do ensino fundamental. “A professora Mari Sousa me encantou pela forma como apresentou os principais pensadores do Iluminismo. Era um mundo novo que se abria. Ideias e formas de ver a realidade e que ainda hoje são muito relevantes”, conta.

A professora Amanda Menger
A professora Amanda Menger (crédito: acervo pessoal)

Quando decidiu cursar a faculdade de história e lecionar na educação básica, Menger contou a novidade para a antiga mestra e revelou que se espelhava nela. “Mari disse que não era para eu ‘culpá-la’ da escolha, em uma brincadeira por conta das dificuldades financeiras que se tornam sinônimo da carreira docente”, diverte-se. Como ela, muitos professores tiveram mestres que os inspiraram a seguir no magistério.

Leia mais: Dia do Professor: educadoras inspiram filhas a seguirem carreira docente

Questionamentos filosóficos

É o caso de Débora Priscila de Oliveira, de 33 anos, que leciona a disciplina de filosofia no ensino médio na rede estadual de São Paulo. A vontade de se tornar professora é atribuída ao docente Mafra, de história, quando ela era secundarista. “Um educador incrível que fazia com que cada aula se tornasse um verdadeiro espetáculo sobre a história. Ele nos roubava toda a atenção do começo ao fim da aula”, relembra.

“Ele me motivou pelo simples fato de que entrava na sala de aula com um pequeno giz na mão, o qual só utilizava no finalzinho da aula, para registar em tópicos os pontos mais importantes de cada epopeia narrada por sua incrível memória e repertório histórico-cultural”, justifica. Foi o mesmo professor que apresentou à então adolescente o universo dos questionamentos e reflexões filosóficas. “As referências de literatura e filosofia sempre foram elementos fundamentais aos contextos históricos de suas aulas”, relata.

A professora Débora Priscila de Oliveira
A professora Débora Priscila de Oliveira (crédito: acervo pessoal)

Certo dia, intrigada com tais referências, a jovem decidiu perguntar a ele o que era essa tal de filosofia que ele sempre se referia nas aulas. “Ele me presenteou com um livro de introdução à filosofia, da autora Marilena Chauí, que mudou minha vida e me direcionou à graduação de filosofia”, ressalta. Já formada, ela teve a oportunidade de reencontrar o docente e compartilhar seu percurso e inspiração nele. “Ele ficou contente, e comentou que o trabalho do professor está neste despertar a vontade de saber, que eu deveria levar este propósito adiante”, conta.

Fazer a diferença

Telma Antunes, 43 anos, é professora de educação física da rede estadual do Rio de Janeiro (SEEDUC-RJ) e se inspirou em pelo menos três professores que teve na educação básica. “Eram as professoras Marília e Silvana, respectivamente de Biologia e Língua Portuguesa, e o docente de história Marcos de Dios”, conta. “O trio lutava por uma educação pública de qualidade, buscando formar sujeitos pensantes e críticos. Tudo isso aliado a um olhar sensível e encorajador que possibilitou que eu acreditasse no meu potencial e que, assim como eles, também poderia fazer diferença na vida das pessoas”, pontua.

A professora Telma Antunes
A professora Telma Antunes (crédito: acervo pessoal)

Confira também: Dia do professor: o que motiva jovens a escolherem a profissão?

Foi somente há dois anos que Menger se deu conta que, agora como professora, era ela a fonte de inspiração profissional para os alunos secundaristas. “Era dia dos professores e uma aluna para quem havia lecionado no 7º ano, em 2016, tinha iniciado o ensino médio e resolvido fazer magistério. Na postagem, ela falava que tinha escolhido o curso por conta de alguns professores e me citou entre eles”, revela. “Foi muito legal, pois mostra como, de certa forma, vamos influenciando outras pessoas com o que fazemos e com os exemplos que damos. Estou torcendo muito por ela”, comemora.

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