Professores com muito tempo de atuação acumulam experiências profissionais e humanas valiosas, principalmente sobre temas como ensino e aprendizagem, relacionamento com a comunidade escolar e superação dos problemas sociais que as escolas apresentam.

Uma conversa com esses profissionais pode render boas orientações para o dia a dia dos docentes em início de carreira. Assim, pedimos para cinco educadores experientes dividirem com a gente suas principais dicas. Confira!

Desconstrua o conceito de escola

Para a professora de biologia e pedagoga aposentada, Mara Lúcia Nápoles, é preciso estar aberto ao novo. “Vejo que por mais que o jovem educador queira inovar, ele ainda reproduz a escola que viveu. O que é natural, pois foi onde se formou como ser humano e profissional”, explica ela, que tem 34 anos de magistério, sendo 25 desses na Emef Campos Sales, em Heliópolis, São Paulo (SP). A escola é conhecida por recorrentes processos de inovação. “A reprodução prejudica a inovação. Oriento o docente a desconstruir a escola e o aluno ideal que tem em mente para poder viver e estar junto integralmente dos seus estudantes ‘reais’”, complementa. 

Exercite a escuta com colegas

Muito se fala da escuta do educador com os alunos, mas pouco sobre como os próprios profissionais se ouvem. “Uma parte dos conflitos dentro da escola pode ser evitada com a escuta qualificada entre os pares. Por isso, é importante escutar antes de reprovar ou aprovar algo que outro professor está falando ou produzindo”, indica Nápoles. 

Encontre (e respeite) seu limite

Como grande desafio das suas mais de três décadas de magistério, ela aponta a dificuldade em não se envolver completamente com os problemas dos estudantes. “Muitos chegam com questões sociais, familiares, entre outras, que não passavam pela minha cabeça antes de entrar para a escola. São situações desumanas, que acompanhamos diariamente. Assim, estabelecer um limite de atuação, até onde o professor consegue ajudar, faz com que a gente não sofra tanto”, reflete. 

Dica de professora Madalena é que educador aproveite, ao máximo, tempo em aula (crédito: arquivo pessoal)

 

Aproveite o tempo em aula

Professora de matemática e diretora aposentada, Maria Madalena Brito Santana Rodrigues Agostinho lembra que a aula pode ser o único espaço seguro para o aluno estudar. “Muitos precisam trabalhar para complementar a renda ou simplesmente não têm uma área em casa onde possam se concentrar nos estudos”, contextualiza. “Assim, o educador deve se dedicar ao máximo e aproveitar o momento com o estudante em aula”, defende ela, que acumulou 31 anos de ensino no estado de São Paulo.

Cultive uma boa relação com as famílias

Agostinho recomenda que os docentes – principalmente dos primeiros anos do ensino fundamental – conheçam e respeitem as famílias dos estudantes. “Uma boa relação com o núcleo familiar pode fazer diferença no processo de aprendizagem e ajudar na resolução de conflitos. O professor consegue trazer a comunidade como amiga da escola”, orienta. ‘Infelizmente, muitos educadores têm medo de se relacionar com a família ou dizem que odeiam a reunião de pais”, aponta.

Busque mais recursos do que a rede pública oferece

Com 27 anos de experiência como professora de inglês da rede pública, Marli Aparecida de Paiva orienta os colegas mais jovens a irem atrás de recursos pedagógicos diferenciados. “Muitas vezes, a escola não recebe livros para todos os alunos, falta material para trabalhar”, revela. “Procurar inovar na preparação da aula ajuda a sempre ter uma carta na manga para deixar esse momento mais interessante”, destaca.

Para Marli, escola é espaço plural que deve ser respeitado (crédito: arquivo pessoal)

 

Respeite a diversidade da escola

“A escola é feita de uma diversidade racial, de gênero, física e social, que deve ser respeitada”, explica Paiva. Tantas pessoas diferentes podem gerar conflitos, o que exige do professor uma figura de mediação. “Ser truculento não gera confiança. É necessário tato, paciência, jogo de cintura e compreensão. Se você gritar, perdeu”, assinala ela.

Não tenha medo de errar

Dalva Aparecida Garcia é professora de filosofia com 25 anos de experiência no estado de São Paulo (SP). Para ela, o docente não deve temer cometer erros. “É preciso seriedade para conduzir a argumentação e humildade para se autocorrigir quando necessário”, explica ela. “É permitido errar, não ser dono do conhecimento e aprender com os alunos, reconhecendo os saberes que eles trazem”, acrescenta Agostinho.

“Cativar os alunos é desafio para os jovens docentes”, diz João Batista Petucco (crédito: arquivo pessoal)

 

Cative o aluno para o conhecimento

Professor de biologia há aproximadamente 30 anos, João Batista Petucco vê como desafio, para os jovens educadores de hoje, cativar os alunos para o conhecimento. “Por um lado, o estudante de hoje é mais politizado. Por outro, é desconfiado e isso esbarra na área científica. Muitos tendem a rejeitar conhecimentos já acumulados, questionando se a terra é redonda, se o homem pisou na lua etc. É preciso ajudá-los a confiar novamente no conhecimento científico”, sugere. 

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