Vanguarda artística do início do século XX, o cubismo rompeu com a representação visual tradicional, que mostrava o mundo tridimensional em planos bidimensionais. Pablo Picasso e Georges Braque foram seus principais representantes.
“As obras apresentam fragmentação de formas, sobreposição de planos e geometrização, rejeitando a perspectiva de um único ponto de vista”, sintetiza a coordenadora dos cursos de licenciatura em Artes Visuais EAD da Unoeste Luli Hata.
“O cubismo não visava abolir a representação, mas reformá-la. Os objetos continuavam reconhecíveis”, acrescenta.
“Imagine que você quer desenhar um rosto, mas, em vez de mostrá-lo de frente, usa partes de perfil. Isso faz com que a imagem pareça um quebra-cabeça, fragmentada. Esse novo modelo de pensar as artes visuais traz uma forma diferente de representar objetos e paisagens, rompendo com o estilo tradicional e realista”, explica a professora de artes da rede municipal de São Paulo Simone Santana.
Relação com contexto histórico
O cubismo teve início em Paris, por volta de 1907, em um contexto histórico relacionado às mudanças provocadas pela Segunda Revolução Industrial, que culminou com a criação de grandes metrópoles, popularização da luz elétrica, dos automóveis e da fotografia.
“Ao mesmo tempo, os olhares se voltaram para a produção visual dos povos tradicionais, como o africano e o oriental”, diz Hata. “O cubismo teve influência das máscaras africanas”, completa Santana.
Além da fragmentação da figura (cubismo analítico), o movimento também explorou imagens e inseriu texturas nas obras (cubismo sintético).
“Ele influenciou outras vanguardas, como o futurismo, que tomou a fragmentação para trazer a ideia de movimento e de velocidade”, relaciona Hata.
“Além disso, influenciou os artistas brasileiros da Semana de Arte Moderna de 1922, como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Vicente do Rego Monteiro e Emiliano Di Cavalcanti”, adiciona Santana.
Cubismo em sala aula
Para Santana, o cubismo permite ao aluno desenvolver um olhar crítico de que a arte não é somente imitação da realidade.
“Também contribui com o desenvolvimento da leitura de imagens e com o entendimento de que há múltiplas formas de interpretar a realidade. Para completar, ajuda a desenvolver a percepção visual e espacial, a apreciação da arte moderna e contemporânea e a compreender a relação entre arte e contexto histórico”, adiciona Hata.
Na sala de aula, o cubismo pode ser apresentado a partir de obras famosas, como Guernica (Picasso) e Mulher com Violão (Braque)
Nos anos iniciais do ensino fundamental, Santana indica explorar a colagem com formas geométricas dentro da estética cubista, usando diferentes texturas, cores e materiais.
No ensino fundamental II, Hata sugere que o cubismo pode ser uma ponte para discutir temas transversais, como identidade cultural e arte e cultura africanas.
No ensino médio, pode-se aprofundar a relação desta vanguarda com seu contexto histórico, como a Revolução Industrial e o período entre guerras. Nesse caso, vale destacar a obra Guernica, de Pablo Picasso, que retrata o bombardeio à cidade homônima durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939).
“Também pode-se apontar a influência do cubismo em outras artes, como design, literatura e arquitetura”, sugere Santana. “Na literatura, Oswald de Andrade é um representante da poesia cubista no Brasil, com fragmentação, métrica irregular, colagem de palavras e multiplicidade de perspectivas”, associa Hata.
A seguir, conheça 4 atividades para ensinar cubismo em sala de aula, nas diferentes etapas de ensino.
Autorretrato cubista
Os alunos fotografam seus rostos de diferentes ângulos, de frente e de perfil. Depois, recortam as imagens em formas geométricas e realizam colagens com sobreposição, explorando a ideia de múltiplos planos e perspectivas em uma mesma imagem. Atividade válida para todas as etapas de ensino.
Máscaras cubistas
Inspirados nas máscaras africanas, os alunos criam suas próprias obras cubistas usando papelão reaproveitado. Recortam e pintam elementos do rosto (olhos, bocas e narizes) com diferentes perspectivas—alguns de perfil, outros de frente—para sobrepor e criar um efeito tridimensional. Ao final, organizam uma exposição para compartilhar com a comunidade escolar. Atividade válida para todas as etapas de ensino.
Escultura tridimensional
O objetivo é trabalhar com colagem cubista em materiais tridimensionais, como papelão e materiais recicláveis. Os alunos constroem um objeto, forma ou elemento da natureza, como uma árvore ou um violão, brincando com diferentes perfis e fragmentações. “O desafio pode ser recriar um objeto cubista, transpondo o conceito do 2D para o 3D”, explica Simone Santana. Atividade indicada para o ensino fundamental 2.
Edição de fotos cubista
Utilizar aplicativos de edição de fotos para criar composições cubistas. Os alunos fragmentam imagens de paisagens, objetos ou pessoas, explorando sobreposições e desconstruções digitais, conectando a linguagem do cubismo às ferramentas tecnológicas que costumam usar. Atividade indicada para o ensino médio
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Crédito da imagem: Dusan Stankovic – Getty Images