Materiais alternativos ou materiais não convencionais são recursos que, ao contrário de materiais tradicionais, como bolas, redes e colchonetes, não foram especificamente projetados para o uso em atividades físicas, mas são adaptados para esse contexto.
A lista inclui objetos do cotidiano, como escadas, cadeiras, mesas, garrafas plásticas, caixas, jornais, pneus e tecidos; assim como a própria estrutura da escola, como corredores, escadarias, muros, grades e muretas.
Professor de educação física e doutorando em educação, Luis Gustavo Ramos dos Santos explica que os materiais não convencionais têm potencial pedagógico na educação física escolar, permitindo a criação de atividades para práticas corporais diversas.
“Cada um deles oferece múltiplas possibilidades de interação, que, além de promover um ambiente instigador de criatividade e expressão da criança, também favorece o desenvolvimento e aprendizagem do equilíbrio, coordenação motora fina e ampla, propriocepção e apropriação corporal“, descreve.
Em sua dissertação de mestrado, Santos estudou as possibilidades do uso dessas ferramentas na educação infantil e nos primeiros anos do ensino fundamental.
“Eles se encaixam com facilidade nos anos iniciais do ensino fundamental por ser um período em que as crianças têm a necessidade de se apropriar e explorar mais profundamente seu corpo e suas possibilidades”, justifica.
Santos explica que, à medida que as crianças crescem, a complexidade das propostas precisa ser correspondente.
“O cuidado, nesse caso, é evitar que os materiais não convencionais sejam uma alternativa para suprir materiais ausentes. Por exemplo, usar garrafas PET no lugar de cones. Isso não se alinha ao conceito de materiais não convencionais, embora seja uma solução válida em muitas realidades escolares”, diferencia.
Como usar em aula?
Dentro do conceito dos materiais não convencionais, os objetos costumam ganhar usos diferentes daqueles para os quais foram elaborados, estimulando a imaginação infantil.
“Um pneu velho, por exemplo, pode se transformar em trampolim, em alvo (para lançar objetos) ou toca”, ilustra o docente.
“Já uma escada de manutenção pode servir como uma ponte suspensa, um trilho de trem, e mesmo como escada, mas para fazer algo fora do esperado para o ambiente escolar, como desenhar em uma folha presa em um lugar alto, ou ainda como rota alternativa para subir em um brinquedo de pátio. Isso porque um material não convencional é também aquele ao qual a criança normalmente não teria acesso no seu dia a dia”, justifica.
Mesas e cadeiras podem virar montanhas, túneis para se arrastar por baixo, pontes ou casas. O professor, inclusive, pode criar um circuito aliando mais de uma possibilidade.
“Para completar, muros e grades proporcionam escaladas e desafios que estimulam equilíbrio e atenção plena”, explica o professor, que atenta para os cuidados com a segurança das crianças em cada atividade proposta. “É importante o diálogo com as crianças para explicitar o porquê de cada ação e os riscos existentes”, ensina.
Veja mais:
Aprenda 9 brincadeiras indígenas para as aulas de educação física
Como usar a dança circular nas aulas de educação física?
Práticas corporais de aventura ensinam conteúdos de biologia e educação física
Descubra 15 brincadeiras africanas para as aulas de educação física
Saiba como trabalhar o circo na educação física
Crédito da imagem: Crédito: StockPlanets – Getty Images