Em 10 de dezembro, comemora-se o centenário do nascimento da escritora, tradutora e jornalista Clarice Lispector (1920-1977). Ucraniana naturalizada brasileira, ela trouxe para as letras uma narrativa psicológica e intimista. “Descortinava o mundo interior das personagens, em especial, o das figuras femininas, com poucas ações exteriores e enredo reduzido ao mínimo. Por essa razão, ao introduzir tais características novas à literatura nacional, seus textos, que encapsulam ideias intimistas, exibem personagens mergulhadas em reflexões psicológicas e existenciais”, explica Marilani Soares Vanalli, doutora e professora do curso de Letras da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste).

Pertencente à terceira geração modernista brasileira — também intitulada “geração de 45” —, Lispector utilizava, ainda, o recurso da epifania. “Este faz brilhar um acontecimento cotidiano. E, assim, aproveita-se para explorar a essência aprisionada no inconsciente”, descreve a docente. “A originalidade da autora é apresentada pela crítica literária como uma renovação da prosa narrativa brasileira, uma vez que o seu discurso é construído com base nas sensações, memórias e pensamentos da personagem, articulados em uma prosa densa, que se aproxima da linguagem poética pelo uso da metáfora, da sinestesia e de toda sorte de recursos imagéticos”, acrescenta.

Público infantil

Além de escrever para jovens e adultos, ela também se dedicou às crianças. Pensando em seus filhos, decidiu escrever para a faixa etária do ensino fundamental I. “No universo da literatura infantil, não nega o sofrimento inevitável de todos que estão vivos, contudo, eufemiza com o espaço de diálogo, em que as crianças são atendidas em suas necessidades afetivas e emocionais. Minimiza as distâncias, por meio da voz narradora maternal, ao conversar com o seu interlocutor ao longo da ficção”, apresenta Vanalli. Confira, a seguir, quatro links que ajudam o professor a apresentar a autora para os alunos da educação básica.

Podcast: Como apresentar a obra de Clarice Lispector para os alunos?
A professora da Universidade de São Paulo (USP) na área de Literatura Brasileira, Yudith Rosenbaum elenca alguns dos temas centrais da obra da autora. “A sua condição de judia, de estrangeira, alimentou sua literatura, mas sua identidade é do Brasil”, destaca. “Clarice discute em diversos de seus textos a mulher e o feminino, a mulher na sociedade mais patriarcal dos anos 40 e 50, a mulher dentro de um cotidiano aprisionante, os papéis da mulher, a mulher esposa, a mulher mãe”, acrescenta.

Planos de aula: “A hora da estrela”, de Clarice Lispector
Direcionada aos alunos do ensino médio, essa sequência didática tem como objetivo observar o conflito interior da personagem Macabéa e a prosa intimista; assim como expor a personagem central e seu narrador onisciente e analisar os conflitos sociais e a adaptação do migrante nordestino na região Sudeste do país.

Plano de aula: Encontro com Clarice Lispector
O plano de aula convida os estudantes do ensino médio a ler e depois produzir uma releitura da obra “Felicidade Clandestina”. A segunda atividade estimula a criação e postagem de vídeos nas redes sociais com uma leitura de trechos dessa obra de Lispector.

Plano de aula: Cinema e Educação – Clandestina Felicidade
Exibição do curta-metragem Clandestina Felicidade, que se baseia no conto de Lispector, “Felicidade Clandestina”. A partir dele, o professor apresentará a obra e a biografia da autora e levará os alunos a refletir sobre as diferenças dos modos de vida das crianças nos anos 1930 e as de hoje; assim como, comparar e discutir a importância da literatura na formação das crianças de antigamente e de hoje.

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