A variação linguística se refere às diferentes formas e estilos que uma língua pode assumir de acordo com fatores como região geográfica, grupo social, idade e meio onde a comunicação ocorre. Tais variações são naturais e podem ocorrer nos níveis da fala, do vocabulário, da gramática ou das palavras e frases colocadas em discurso.
Já o preconceito linguístico ocorre quando há a desvalorização de determinadas variantes linguísticas em relação a outras consideradas padrão e corretas. Ele é geralmente acompanhado de outros preconceitos e discriminações sociais e culturais, acarretando em exclusão social e podendo afetar negativamente a autoestima e identidade de quem tem sua fala estigmatizada.
A escola e a educação, por sua vez, são importantes no combate ao preconceito linguístico quando ensinam que a variação é uma característica natural e enriquecedora das línguas, refletindo a diversidade e a identidade de seus falantes. Pode ajudar a combater estereótipos e marginalizações quando desmistifica a ideia de hierarquia entre variações linguísticas e ao valorizar as variedades linguísticas que acontecem dentro da sua própria comunidade.
A seguir, conheça seis livros que auxiliam o professor a conhecer e compreender o que são as variações linguísticas e as formas de combater o preconceito relacionado a elas.
Preconceito e intolerância na linguagem
Marli Quadros Leite, Editora Contexto, 2008
A intolerância linguística, embora menos percebida do que outras, é igualmente ofensiva por atingir o indivíduo em sua singularidade e na expressão de sua subjetividade. Em sua obra, Leite argumenta que a intolerância linguística intensifica o preconceito, transformando-o não apenas em um ataque à linguagem de alguém, mas sim contra a própria essência dessa pessoa.
Preconceito linguístico: o que é, como se faz
Marcos Bagno, Editora Loyola, 2013
Nesta obra, que está em sua 55ª edição, o professor, linguista e filólogo Marcos Bagno explica que o preconceito linguístico consiste em qualquer julgamento negativo, incluindo reprovação, repulsa e desrespeito, em relação às variedades linguísticas de menor prestígio social. Ele se origina da imposição de um padrão estabelecido por uma elite econômica e intelectual, que considera como desviante e errado outras formas de linguagem que se afastem desse modelo. Para completar, está diretamente ligado a outros preconceitos, como regionais, culturais e socioeconômicos.
Sete erros aos quatro ventos: a variação linguística no ensino de português
Marcos Bagno, Parábola Editorial, 2013
A obra investiga o uso dos livros didáticos e sua abordagem em relação à variação linguística. Segundo o autor, enquanto os outros aspectos do ensino – como leitura, oralidade e produção textual – são constantemente aprimorados – o ensino da língua ainda se mostra ligado à doutrina gramatical tradicional e uma ideologia conservadora. Estudar a abordagem dos livros didáticos, por sua vez, é importante porque os mesmos são uma ferramenta essencial no ensino público brasileiro, podendo reproduzir preconceitos linguísticos.
Não é errado falar assim! Em defesa do português brasileiro
Marcos Bagno, Editora Parábola, 2008
O autor apresenta 50 fenômenos linguísticos incorporados na língua dos brasileiros e que ainda são considerados “errados” por jornalistas, professores, gramáticos, dicionaristas, autores de livros didáticos, revisores, entre outros profissionais.
Racismo linguístico: os subterrâneos da linguagem e do racismo
Gabriel Nascimento, Loyola, 2020
O autor explora como a linguagem é usada para criar, espalhar e fortalecer o racismo, atuando como uma ferramenta de poder que marginaliza pessoas e as desumaniza.
O português da gente: a língua que estudamos : a língua que falamos
Rodolfo Ilari e Renato Basso, Editora Contexto, 2006
Os autores discutem as variações linguísticas do português brasileiros em relação às mudanças sofridas ao longo do tempo e em termos de funções sociais; suas diferenças para o português europeu; as diferenças sociais relacionadas ao nível de escolaridade e as diferenças conforme o meio de expressão.
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