O MDF é um produto utilizado como substituto da madeira por compartilhar de características similares. Ele está presente em móveis como armários de cozinha, guarda-roupas e tampos de mesa, assim como prateleiras, portas, soleiras, revestimentos de paredes e divisórias. “Pode-se afirmar que toda casa tem alguma coisa produzida à base de MDF”, garante a docente do curso de engenharia ambiental e sanitária do Centro Universitário FMU Elisangela Ronconi Rodrigues.

Seu nome é a sigla em inglês para “medium density fiberboard” ou “painel de fibra de densidade média”. Isso porque ele é um aglutinado de fibra vegetal proveniente da madeira pinus de reflorestamento. Para chegar ao painel, a madeira é colhida, triturada e recebe resina sintética. “Na sequência, essa mistura é prensada, formando chapas de textura uniforme e que podem ser fabricadas com diferentes espessuras”, completa Rodrigues.

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A uniformidade da placa, algo difícil de conquistar com a madeira bruta, é um dos seus diferenciais. “O MDF permite diferentes recortes sem rachar ou danificar o material. Também é versátil e pode receber revestimentos e cores, como laca, lâminas de madeira natural, resinas, tinta ou verniz”, lista Rodrigues.

Parcialmente sustentável

Mas, afinal, o MDF é sustentável? “Quando falamos em sustentabilidade, é preciso considerar toda a cadeia produtiva do MDF e não somente sua matéria-prima. Nesse processo, deve haver economia de recursos naturais, como água e energia, e não gerar subprodutos que possam impactar o meio ambiente”, introduz Rodrigues.

Assim, mesmo sendo produzido como madeira de reflorestamento, o MDF é considerado parcialmente sustentável. É o que esclarece a mestra em engenharia de produção pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) Cristiane Araújo: “Há a adição dessa resina sintética para a compactação das fibras, geralmente fenol-formaldeído. Ele é um produto tóxico ao ser humano e ao meio ambiente, o que dificulta um descarte sustentável do painel”.

“Além disso, as áreas de reflorestamento comercial de pinus ocupam grandes áreas territoriais e não contribuem para a conservação da biodiversidade local”, lembra Rodrigues. Outro problema é o seu fim de vida. Como a resina impede que ele seja biodegradável, o fim do móvel de MDF quebrado são os aterros e o descarte irregularmente em terrenos e vias públicas. “Um móvel feito de MDF bem conservado pode durar anos. Mas para ser sustentável, seriam necessários mecanismos de logística reversa (quando a empresa produtora ficaria responsável pela coleta dos mesmos, a fim de, utilizá-losem subprodutos), o que hoje é praticamente inexistente no Brasil”, explica Rodrigues.

Para o futuro, ela explica que há experiências internacionais para a produção de um ‘MDF ecológico’, com resina feita à base de amido e uso da fibra da casca do coco. “É importante investimentos para que esses produtos cheguem ao mercado com a mesma qualidade e resistência que o MDF”, opina.

Enquanto isso, o consumidor pode checar se o móvel que comprou de MDF possui selos que certifiquem que a madeira utilizada veio de áreas de reflorestamento. Caso do selo FSC® (Forest Stewardship Council), Cerflor. “Selos de certificação, da produção ou de gestão ambiental, como é o caso das normas ISO 14001, podem ser indicativo de um modelo de produção mais sustentável. Nesse caso, o produto atende a alguns requisitos mínimos para evitar danos ao meio ambiente”, explica Rodrigues.

E o MDP?

Nos últimos anos, também ganhou força no mercado o MDP (medium density particleboard), ou seja, “painel de partícula de média densidade”.“A diferença é que a chapa é feita com partículas de madeira prensadas e não com fibra, como no MDF. Ao contrário do que muitos imaginam, o MDP não é produzido com sobras de madeira, utilizando toras de madeira de reflorestamento, como o pinus, mas sem passar pelo processo de extração das fibras”, ensina Rodrigues.

“Se por um lado isso economiza água e energia no processo produtivo, por outro, consome mais madeira por metro quadrado produzido”, compara. “Além disso, ambos utilizam resina à base de formaldeído em sua composição”, finaliza Araújo.

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