Leonardo Valle
Locais com terra fértil em condições de plantio devem se tornar mais escassos em todos os pontos do planeta. É o que prevê um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU), que aponta a perda de 23% na produtividade do mundo provocada pelo manejo incorreto do solo, afetando 10% do Produto Interno Bruto (PIB). Atualmente, cerca de 33% da superfície e 75% da água doce do planeta são destinados à produção agrícola ou à pecuária.
De acordo com a Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistema (IPBES), da ONU, a previsão é de que, em 2050, mais de 4 bilhões de pessoas vivam em zonas áridas, o que forçará movimentos migratórios. Nesse cenário, haveria a diminuição de até 50% dos rendimentos mundiais referentes à agricultura, principalmente na América Central, América do Sul, África e Ásia.
No Brasil, 72% da água e 41% do território – 350 milhões de hectares – são destinados à agropecuária. Desse total, 18% já estão degradados, segundo o Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Um dado do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento da Universidade Federal de Goiás (Lapig-UFG) de 2017 revela um cenário ainda mais preocupante: 63,7 milhões de hectares de pastagens estão produzindo abaixo do esperado.
Para a ONU, conservar o solo custaria dez vezes menos do que restaurar áreas já degradadas Já a organização não-governamental WWF aponta que 37% das pastagens brasileiras estão degradadas, sendo a otimização do manejo do solo a melhor estratégia para atender a demanda crescente por alimentos, evitando também a destruição de mata nativa para plantio.
Com WWF
Veja mais:
Legado de Chico Mendes, reservas extrativistas ajudaram a frear desmatamento da Amazônia
Desmatamento zero e rotação do gado ajudam pecuária a reduzir impactos ambientais
Crédito da imagem: Mumemories – iStock