Leonardo Valle
A América Latina e Caribe foi considerada a região do mundo mais perigosa para a imprensa em 2019, de acordo com a base de dados do Observatório de Jornalistas Assassinados. O levantamento é realizado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
22 jornalistas foram assassinados nessa localidade, sendo dois deles no Brasil. A região é seguida no ranking pela Ásia-Pacífico, com 15 assassinatos de profissionais da imprensa no ano passado, e pelos Estados árabes, com 10 mortes.
Segundo os dados da entidade, cobrir assuntos locais, como política, corrupção e crime, é mais perigoso para jornalistas do que o trabalho em zonas de guerra. No ano passado, quase dois terços dos casos de assassinato ocorreram em países que não vivenciavam conflitos armados, e a maioria envolveu repórteres realizando cobertura local.
Impunidade
Na última década, 894 jornalistas foram assassinados, uma média de quase 90 por ano. Em 2019, esses crimes caíram quase pela metade em comparação com 2018: de 99 para 56. Contudo, relatório publicado pela agência em novembro de 2019 apontou que apenas 10% dos ataques são processados. Além disso, menos de um em cada oito casos registrados pela Unesco desde 2006 foi resolvido.
Além do risco de assassinato, os jornalistas sofrem cada vez mais ataques verbais e físicos relacionados ao seu trabalho. Nos últimos anos, houve um aumento acentuado de prisões, sequestros e violência física, em meio a uma retórica generalizada e hostil à mídia e aos jornalistas.
As profissionais mulheres são ainda alvo particular, sendo frequentemente vítimas de assédio online e ameaças de violência baseada em gênero.
Para a Unesco, ataques a jornalistas são uma tentativa de silenciar vozes críticas e restringir o acesso do público à informação.
Com ONU
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