Leonardo Valle
O Brasil está na 102ª posição no quesito liberdade de imprensa, segundo o relatório de 2018 da ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF). Anualmente, a instituição faz um ranking sobre o assunto em 180 países do mundo.
Apesar de ter subido uma posição em relação ao documento do ano passado, o Brasil ainda é um dos países mais violentos da América Latina para a prática do jornalismo. Segundo o material, o país apresentou ameaças, agressões durante manifestações, assassinatos de repórteres ao longo de 2018. Para a ONG, a instabilidade política afeta a prática do jornalismo.
“A paisagem midiática ainda é bastante concentrada no país, sobretudo ao redor de grandes famílias industriais, com frequência, próximas da classe política. O segredo das fontes é, com regularidade, atacado no Brasil e inúmeros jornalistas investigativos são alvo de processos judiciais abusivos”, conclui o texto do relatório.
Ódio mundial
A edição 2018 trouxe a Noruega no topo do ranking e a Coreia do Norte em último lugar. Além disso, o documento aponta uma degradação do panorama mundial. Dois terços (62,2%) dos países apresentaram um agravamento de sua situação, enquanto o número de nações onde a situação para a imprensa era classificada como “boa” ou “quase boa” diminuiu em 2,3%.
O relatório ainda relata a expansão do sentimento de ódio dirigido aos jornalistas, principalmente por parte de dirigentes políticos. “A hostilidade dos governantes em relação aos meios de comunicação não é mais o privilégio de países autoritários, como a Turquia (157º, -2) ou o Egito (161º), que mergulharam na ‘fobia dos meios de comunicação’ ao ponto de generalizar as acusações de “terrorismo” contra os jornalistas e aprisionar arbitrariamente os profissionais críticos a seus governos”, aponta o relatório.
“Os Estados Unidos, durante o governo de Donald Trump, ocupam agora o 45º lugar do ranking, caindo duas posições. O presidente adepto do “media-bashing” sem escrúpulos qualifica sistematicamente repórteres de “inimigos do povo”, recorrendo a uma expressão anteriormente utilizada por Joseph Stalin”, conclui.