“A cada aniversario de meu filho eu celebro a vida dele, mas também me desespero. Porque sei que ele está deixando de ser aquele menino bonitinho e engraçadinho para se tornar o alvo perverso das mais diversas formas de violência”, diz Maíra Azevedo, a Tia Má. O depoimento dela integra o vídeo “Como é ser mãe de meninos pretos em uma sociedade racista?”, produzido pelo canal “Quebrando o Tabu”.
A violência policial é o principal assunto que permeia os relatos. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2019, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 75% das vítimas de letalidade policial são negras. De acordo com o Atlas da Violência 2019, entre 2007 a 2017, a taxa de letalidade de negros cresceu 33,1%, contra 3,3% de não brancos. Os depoimentos concentram orientações das mães para os filhos não se tornarem novos alvos da polícia, quando adolescentes.
Mãe de Akins, Adriana Arcebispo conta que incentiva seu filho, mais quieto, a se soltar, dançando e se movimentando. “Mas aí eu penso, qual vai ser o momento em que vou ter que falar pra ele não ‘faça movimentos bruscos’?”, complementa. “Não é pra correr, em hipótese nenhuma. E que ele precisa estar com o documento de identidade no bolso”, acrescenta Maria Isabel, mãe de Rodrigo, em seu relato.
“[Digo] que é bom ele andar com o capuz pra baixo, no frio”, diz Giselda, mãe de Akins. O menino chegou a perguntar “por que a polícia mata gente preta?”. “Duvido que uma mãe branca tem que responder isso.”
“Quando o Evandro comprou um carro novo, a gente comemorou por pouquíssimos dias, porque ele chegou a ser enquadrado três vezes por estar em um carro novo ”, lembra Dona Jacira.
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Crédito da imagem: print do vídeo “Como é ser mãe de meninos pretos em uma sociedade racista?”