O monitoramento da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) mostra que o novo coronavírus (covid-19) tem avançado nessa população. Segundo a assistente social, quilombola e secretária-executiva da Conaq, Selma Dealdina, a falta de acesso às políticas públicas de saúde e a falta de regularização dos quilombos são problemas estruturais que agravam a situação. Ela discute o problema no vídeo “Desigualdades: comunidades quilombolas frente à pandemia”, organizado pela Oxfam Brasil.
“O covid veio para evidenciar o racismo que já existe e que é muito bem estruturado. Como é estrutural, isso não iria mudar por causa da doença. Ao contrário, a preocupação não é com os corpos negros que padecem, que lotam o sistema carcerário ou que estão em grande maioria em situação de rua”, denuncia.
A roda de conversas também contou com a vice-procuradora-geral da República de 2009 a 2013, Deborah Duprat. Ela esteve à frente da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), do Ministério Público Federal, até maio de 2020.
“O enfretamento à desigualdade vai requerer investimentos robustos. Você não muda 500 anos de sociedade desigual e excludente porque as pessoas se inspiraram”, explica Duprat.
“Tivemos redução de investimento público para políticas de combate à desigualdade, principalmente com a emenda 95, do teto dos gastos. Desde então, ela vem aumentando”, afirma.
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Crédito da imagem: reprodução do vídeo “Desigualdades: comunidades quilombolas frente à pandemia”