Aconteceu, nesta quinta-feira (31/10), em São Paulo (SP), o evento de lançamento do curso online da estratégia Trajetórias de Sucesso Escolar, iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em parceria com o Instituto Claro.
O curso tem o objetivo de apoiar iniciativas que promovam o enfrentamento da cultura de fracasso escolar. “O Brasil tem usado a reprovação como estratégia de aprendizagem. Ou seja, se um estudante não aprendeu durante um ano, ele vai repetir de ano e vai aprender. Porém, é muito comum que se veja trajetórias como: múltiplas reprovações, o que implica em distorção idade-série, e posteriormente o abandono”, explicou o chefe de educação do Unicef, Ítalo Dutra.
A estratégia Trajetórias de Sucesso Escolar é composta por três cadernos que apresentam um conjunto de recomendações, com base em experiências que deram certo no país, para atender alunos em situação de atraso escolar, de forma alinhada com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
De acordo com Ítalo, o material foi desenvolvido de forma a dar sustentação para que as secretarias estaduais e municipais construam as suas próprias estratégias de enfrentamento à distorção idade-série. “Cada caderno foi pensado com o olhar direcionado para um público específico: gestores das redes municipais e estaduais de ensino, gestores escolares e professores”, completou.
O lançamento do curso online vem complementar a estratégia como uma forma de aprofundar as recomendações apresentadas. “Vamos ampliar esse material à medida que formos aprendendo mais. A ideia é compartilhar o máximo possível de materiais para que avancemos na construção de propostas autorais de enfrentamento à cultura de fracasso escolar, conectadas com cada território e que levem em consideração a escuta, o engajamento e a participação dos alunos nessa situação”, comentou.
“A educação é uma bandeira de todos nós, e também do Instituto, e é com muito orgulho que estamos, ao lado do Unicef, enfrentando um desafio tão importante para o presente e futuro das nossas crianças e dos nossos jovens”, afirmou a vice-presidente de projetos do Instituto Claro, Daniely Gomiero.
Dados atualizados
Durante o encontro, que recebeu jornalistas, representantes do governo e de organizações ligadas à educação, Ítalo Dutra apresentou dados do último Censo Escolar (2018) relacionados a reprovação, distorção-idade série e abandono escolar. “Esses são indicadores que são quase consequência um do outro”, reforçou.
Em 2018, mais de 2,6 milhões de estudantes de escolas públicas estaduais e municipais foram reprovados, o equivalente a 9,2% do total de matrículas. Entre os meninos, o número chega a 11,3% do total e, entre as meninas, 6,9%.
Já a distorção idade-série – em que alunos apresentam dois ou mais anos de atraso escolar – atinge mais de 6,4 milhões de crianças e adolescentes, o equivalente a 22% do total de estudantes dessas escolas. Quando se considera apenas o ensino médio, o número é ainda mais preocupante e atinge 31% dos alunos.
Ainda sobre a distorção idade-série, os dados revelam que as regiões Norte e Nordeste do país somam 54,8% dos casos. Além disso, 41% dos alunos indígenas estão com dois ou mais anos de atraso escolar, assim como 31% dos pretos e 25% dos pardos. Entre os alunos com deficiência, quase metade (48,67%) se encontra em situação de distorção idade-série.
Os dados também mostram que mais de 7% dos alunos matriculados no ensino médio – ou mais de 460 mil adolescentes – abandonaram a escola em 2018.
Essas informações estão disponíveis e organizadas em um novo painel nacional online, também lançado durante o evento. Para conhecer e saber mais, acesse a plataforma da estratégia Trajetórias de Sucesso Escolar.