A rotação por estações é uma estratégia didática mais conhecida pelo seu uso no ensino híbrido. Ela consiste em organizar espaços na sala de aula, que podem ser autônomos ou complementares, para a pesquisa de uma situação-problema, tema ou conteúdo específico. Os alunos se alternam pelas estações e trabalham de forma colaborativa.

“Ela pode ser desenvolvida com ou sem o uso de tecnologias digitais. No ensino híbrido, ao menos uma das estações deve prever o uso de tecnologia”, diferencia a professora da Faculdade de Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Patrícia Camini.

A docente desenvolveu um trabalho para alfabetização que utiliza o método. “Ele é planejado para que os alunos alternem, entre três estações, o estudo compartilhado entre pares, guiado pelo educador e de forma individual”, destaca.

O sistema proporciona aos estudantes mais feedback e em menos tempo sobre como estão lendo e escrevendo. “Isso porque eles interagem mais vezes entre pares, e a professora consegue personalizar as intervenções pedagógicas para um grupo menor na estação em que ela estará atuando e por onde todos passarão”, esclarece.

A interação entre pares permite o desenvolvimento da escuta, compartilhamento, fornecimento de apoio e encorajamento à fala, à leitura e à escrita. Além disso, ajuda a manter os alunos atentos e motivados, uma vez que permanecem um tempo relativamente curto em cada atividade: de 15 a 25 minutos.

“As possibilidades didático-pedagógicas são muitas, como estimular diferentes habilidades de consciência fonológica; fluência de leitura, vocabulário e compreensão de textos; e alimentação temática da produção de texto”, acrescenta.

A rotação também faz com que estudantes em diferentes níveis de aprendizado  possam trabalhar juntos. “O mais avançado se beneficia quando precisa explicitar oralmente a outro aluno seus procedimentos de leitura, bem como o aluno que lê de forma inicial, que amplia seu repertório de estratégias de leitura”, ressalta.

Também é possível que a turma toda faça uso compartilhado da tecnologia para aprendizagem, mesmo quando há disponibilidade de poucos gadgets.

Atividades estimulantes

A profissional indica que o professor planeje os conteúdos para cada uma das estações, mas compartilha algumas dicas gerais. “Não perca de vista o componente lúdico. Também deve haver um dispositivo visível que informe qual é a sequência em que cada grupo deve se mover”, informa. “As atividades devem ser realizáveis nesse tempo previsto e com alguma flexibilidade para atender diferentes ritmos de aprendizagem”, completa.

Antes de iniciar o trabalho, o educador deve explicar aos alunos qual é o objetivo de cada estação. “Ao longo da atividade, opte por circular entre as estações, ajudando os grupos a caminharem em direção ao objetivo principal, bem como motivar a participação de estudantes que não estejam integrados, promovendo intervenções personalizadas”, lista.

Atividade de rotação por estações planejada pelas alunas do curso de pedagogia da UFRGS (crédito: arquivo pessoal)

 

Nas primeiras vezes, Camini recomenda que o docente não fique em um grupo específico. “O objetivo é auxiliar os alunos a compreenderem o modo de funcionamento das rotações e do trabalho colaborativo, além das mediações pedagógicas”, justifica.

Em turmas experientes com o modelo, a professora pode ficar em uma estação fixa, em que haja uma proposta de aprendizagem mais complexa. “Assim, realiza intervenções mais adequadas para que cada aluno avance”, pontua.

Também é importante evitar atividades repetitivas e cognitivamente pouco desafiadoras. “Elas tornam as estações apenas uma troca de lugar na sala de aula”, enfatiza.

Além disso, as atividades não podem depender umas das outras, visto que os alunos irão iniciar e terminar em pontos diferentes. “Outra situação que faz as estações perderem sua potencialidade é amarrá-las ao conteúdo específico de um livro de literatura infantil. O repertório fica repetitivo e limitado”, alerta.

Uma vez que requer planejamento e preparação de recursos didáticos, a rotação não deve ser usada como tarefa do dia a dia. Além disso, ela também requer outras estratégias, como momentos de instrução explícita do professor para a classe e outros mais silenciosos, para a leitura.

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Crédito da imagem principal: arquivo pessoal

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