Uma dúvida comum para muitas pessoas é a diferença entre livros didáticos e paradidáticos. Os primeiros são obras com fins educacionais, ou seja, sua função principal é ser um instrumento pedagógico para o ensino.

“As principais funções de um livro didático são a orientação e a organização de conhecimentos. Ele auxilia o professor no direcionamento de conteúdos didáticos considerados essenciais à formação na educação básica”, esclarece a doutoranda em educação e docente do Instituto Singularidades Dayse Ramos.

“Ele é elaborado especificamente para o ensino de uma determinada disciplina ou conteúdo curricular. Traz as informações, geralmente, de forma resumida e elaborada para o ensino e para ser usado no momento da aula, assim como exercícios de fixação para o estudante”, acrescenta a coordenadora do curso de Pedagogia da Unoeste Danielle Aparecida do Nascimento dos Santos.

Livros paradidáticos

Já o livro paradidático, ao contrário do livro didático, não foi elaborado e estruturado para ser utilizado como uma unidade de ensino dentro de uma disciplina ou conteúdo curricular

Para Ramos, os livros paradidáticos são obras de exploração de temas de conhecimento humano. “Distanciam-se do fim pedagógico e têm funções diversas, como a reflexão sobre temas variados”, compara.

“Podem tratar de todos os tipos de temas, e essa variedade normalmente está associada à faixa etária, interesses e assuntos. É comum, por exemplo, que jovens na faixa dos 12 anos interessem-se por mistérios; que crianças na faixa dos seis anos gostem de histórias do universo e de criaturas míticas; e, na adolescência, a busca por reflexões sobre sentimentos”, exemplifica.

“Ele funciona como um ‘para saber mais’. Quando o estudante quer aprofundar o conteúdo e vai além do material que foi resumido em sala de aula, ele vai recorrer ao livro paradidático, que tem por função trazer um aprofundamento”, assinala Santos.  “Ele não necessariamente foi produzido para ser utilizado para fins educacionais dentro da sala de aula. Mas é um livro que foi criado por um autor e traz conhecimento adicional”, complementa.

Redes indicam as obras

Instituído nos anos 1980 e consolidado na década seguinte, o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) é o processo avaliativo pelo qual passam livros didáticos e paradidáticos.

“O objetivo dessa análise é a validação dessas obras para a etapa seguinte: a escolha por escolas e redes de ensino do material mais adequado a seus fins pedagógicos”, informa Ramos.

Na sequência, a escolha dos livros didáticos e paradidáticos por parte das redes públicas de educação básica é feita por editais de chamamentos.

“E se a gente pensar nas mudanças que teve no currículo, que são relacionadas à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a orientação didática e paradidática dos livros seguirá essas diretrizes”, afirma Santos.

Ela ainda explica que a escolha do livro paradidático é mais flexível. “Diferente do livro didático que muitas vezes vai ser escolhido dentro da rede, ele pode ser escolhido pelo próprio professor também.”

Uso depende do professor

Tanto livros didáticos quanto paradidáticos são essenciais no processo de ensino e aprendizagem. “Se um é instrumento pedagógico, o outro é instrumento estético-reflexivo”, lembra Ramos. “Como as obras têm fins distintos, há diferenças no uso de cada um deles. O didático tem fim explicitamente pedagógico; o paradidático, fruitivo”, analisa.

“Ambos se complementam a partir da mediação do professor, que, ao propor questionamentos e instigar percepções, ajuda o estudante na construção de conhecimentos”, conclui.

Santos explica que normalmente o livro didático é trabalhado em aula, apesar de não ser uma regra. “Junto a ele, o professor cria as trilhas de aprendizagem, trazendo as atividades complementares”

Por sua vez, os livros paradidáticos podem ser utilizados em trabalhos, pesquisas, resumos e lições de casa.  “Em um estudo livre e não necessariamente com ajuda da orientação do professor”, diferencia Santos.

Em todos os casos, Ramos lembra que o professor é figura essencial no uso adequado e inteligente dos livros didático e paradidático.

“É ele quem conduz o processo, seleciona abordagens, adequa exemplos a situações de sua sala de aula. Sem a confiança nele como condutor de um processo pedagógico, os materiais são meros manuais”, enfatiza.

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