O origami é uma técnica de dobrar papel com objetivo de criar formas de animais e objetos. Tudo sem a necessidade de recorte ou colagem. Professor de matemática da rede municipal de Parintins (AM), Gideão Teixeira de Queiroz começou a se interessar por essa arte, em 2005, ainda no ensino médio, durante uma pesquisa escolar sobre cultura asiática. Anos mais tarde, já atuando como professor, decidiu pesquisar uma maneira de ensinar geometria de forma lúdica, usando as dobraduras de papel.
Essa exploração se tornou seu mestrado profissional em matemática, em 2020, pela Universidade Federal do Amazonas. Na pesquisa, ele traz indicações de problemas e de atividades para serem aplicadas com alunos do 7◦ e 8◦ anos do ensino fundamental II. Em sua pesquisa, por exemplo, ele associou a técnica do origami ao ensino do teorema de Haga.
“Esse teorema consegue provar como dividir o lado de um quadrado em n partes iguais somente com dobraduras, sem uso da régua”, explica. “Dividir um lado em duas, quatro, oito partes é fácil: basta ir dobrando ao meio. Já fazer divisões de um segmento em 3, 5, 7 partes não é tão simples sem o uso de instrumentos de medição, como a régua, e a operação aritmética da divisão”, complementa.
Relembrando conceitos
De acordo com Queiroz, o origami pode ser utilizado para explicar conceitos de geometria como: relação de semelhança entre triângulos, teorema de Pitágoras e segmentos proporcionais.
No exemplo acima de dobradura, é possível aplicar o teorema de Pitágoras nos triângulos pintados. Fonte: Problema nº 13 Olimpíada Matemática Sem Fronteira 2016
Além disso, o passo a passo da dobradura pode ser um bom pretexto para relembrar conceitos já vistos pelos alunos dos anos finais do ensino fundamental em séries anteriores. “Triângulos retângulos, ângulos retos, ponto médio, metade e reta são alguns deles. O professor pode aproveitar para recordá-los, obtendo um feedback dos alunos ao longo da sequência didática”, opina.
Para trazer o origami para a sala de aula é necessário tempo de planejamento. “Antes de colocar a mão na massa, apresente a história da técnica, notação dos diagramas e os tipos de dobraduras”, recomenda. Tutoriais na internet ajudam os professores de geometria a se aproximaram de diferentes tipos de dobraduras. “Recomendo o canal brasileiro no YouTube, Easy Origami”, indica.
Já materiais didáticos sobre a associação entre os dois temas são difíceis de achar. Vale ainda treinar bastante com os alunos para consolidar a prática. “Como as dobraduras exigem uma habilidade manual e de coordenação motora e visual, muitos estudantes sentem dificuldade”, compartilha o professor.
“Antigamente, fazer um barquinho de papel era mais fácil para a criançada. Com o maior tempo de tela, perdeu-se um pouco dessa prática lúdica de manuseio de dobraduras simples. Percebi essa dificuldade durante a pesquisa”, lembra. O professor ainda indica o uso das dobraduras em atividades de ensino remoto, como as vistas durante a pandemia do novo coronavírus (covid-19). “Como os alunos estão mais conectados ao Youtube, adequar esse material audiovisual com uma proposta didática pode garantir resultados satisfatórios para a aprendizagem deles da geometria”, conclui.
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