A propaganda – ou publicidade – é um gênero textual recomendado como conteúdo curricular de Língua Portuguesa nos ensinos fundamental 2 e médio. E analisá-la pode ajudar os estudantes a identificar estereótipos de gênero.

“A educação objetiva formar cidadãos críticos e, para isso, buscamos trabalhar em sala de aula gêneros textuais presentes na vida dos alunos. O gênero propaganda é um ótimo exemplo por se encontrar em todos os espaços físicos e digitais, da rua às redes sociais”, justifica a professora de Língua Portuguesa e mestra em Letras, Erika Ramos Ribeiro.

“Quando trabalhamos com este gênero textual, buscamos desenvolver a criticidade do jovem diante dos temas levantados por este texto. Ou seja, ele precisa compreender as entrelinhas dos textos verbais e não verbais”, acrescenta.

Professora de pós-gradução em Processos e Manifestações Culturais da Universidade Feevale, Sarai Patricia Schmidt partilha da mesma opinião.

“É preciso construir estratégias ou ferramentas para aguçar o olhar e compreender que a mídia interfere na percepção da sociedade sobre comportamentos ditos como adequados ou anormais”, destaca.

Especificamente, é possível aliar o trabalho a anúncios publicitários com discussões sobre estereótipos de gênero e como homens e mulheres são representados nesses veículos.

“A publicidade naturaliza o lugar de homens e mulheres historicamente.  A mídia em geral reforça o lugar do homem como conquistador. Recorrentemente o universo feminino é associado à beleza, à sedução, ao corpo perfeito, e temos uma cobrança da mulher manter sempre a juventude eterna”, acrescenta Schmidt.

Discussão em grupo

Sobre como usar a propaganda para debater criticamente a construção dos gêneros masculinos e femininos, Ribeiro recomenda levantar questões como o papel da mulher na sociedade, o movimento feminista e a homofobia. Cada temática deve ser abordada de acordo com a faixa etária e série escolar do aluno”, explica a professora, que é autora da dissertação “Feminismo e empoderamento: discursos contra-hegemônicos nas propagandas de cosméticos para mulheres (2018)”.

Como atividade com a turma, é indicado ler e interpretar em grupo os conteúdos que as propagandas veiculam sobre ser homem e ser mulher, assim como a diferença entre ambos. Além dos anúncios publicitários sobre cosméticos, propagandas de perfumes masculinos, femininos e automóveis são opções.

“Ao final, vale também solicitar a produção de propagandas pelos alunos”, recomenda a professora.

Em termos interdisciplinares, o gênero propaganda pode ser atrelado ao conteúdo de revolução industrial, na disciplina de história, e  ao consumismo,  em educação ambiental.

Masculinidade tóxica

Schmidt recomenda averiguar com os alunos se as propagandas trazem representações de diversidade ao retratar homens e mulheres, assim como problematizar com meninos e meninas a ideia de  masculinidade tóxica na propagada pela mídia.

“É preciso conversar muito com as crianças jovens para que possam  entender que os homens e mulheres têm os mesmos direitos e a mesma liberdade”.

As discussões também podem surpreender os professores. “Apesar da imagem difundida do homem como provedor nos anúncios da cerveja, carros e cigarro, há hoje outras representações do que é ser homem circulando na mídia”, aponta Schimdt.

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Opinião: Os estereótipos e a educação midiática

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