O desenvolvimento de bons argumentos em um texto escrito é importante para os alunos, não somente por questões acadêmicas, mas para conseguir dialogar e defender um ponto de vista em sociedade.

“Pode-se reivindicar direitos e atuar no espaço público assumindo a posição de cidadão”, defende a mestranda em letras e professora de português da rede municipal de Salgadinho (PE), Maria Rodrigues de Arruda.

Para engajar estudantes do 9º ano do ensino fundamental na aprendizagem do texto dissertativo-argumentativo, ela utiliza grupos de WhatsApp. “A ideia surgiu ao ver os alunos distraídos com seus smartphones durante a aula”, revela.

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Na sequência didática, a docente reuniu os discentes em um grupo da classe e escolheu uma temática social contemporânea para conversarem sobre. A data e horário do bate-papo, que ocorreu no contraturno das aulas, foram agendadas previamente para que todos pudessem participar.

“Uma surpresa foi o fato de todos terem participado com suas opiniões, mesmo aqueles mais tímidos, que na aula presencial se negavam a participar”, afirma.

“Eu também esperava mais o uso de muitas abreviações e emojis [símbolos que representam uma palavra, ideia ou sentimento], no entanto, a maioria utilizou a linguagem formal. Acredito que esse comportamento se deu ao fato de a atividade possuir caráter educacional”, analisa.

Do virtual ao real

Segundo Arruda, seja a argumentação praticada em espaços formais, conversa com amigos ou em um aplicativo de troca de mensagens, o que se espera é o mesmo: que o estudante consiga embasar sua opinião sobre um determinado tema por meio da apresentação de fatos, estudos, dados e análise de especialistas.

“Independente da plataforma, toda a argumentação busca convencer o interlocutor sobre o que está sendo apresentado”, justifica.

De acordo com a docente, a discussão por mensagens é enriquecedora ao fornecer um ambiente seguro e tranquilo para cada aluno expor sua opinião, observar o ponto de vista dos demais participantes, refutar argumentos e elaborar contra-argumentos. Para isso, foram estipuladas algumas regras.

“Não utilizamos o recurso de áudio, já que o interesse era se concentrar na modalidade escrita da língua”, relembra. “Esclareci que os participantes da discussão deveriam promover a troca de ideias e que poderiam ocorrer opiniões divergentes. Contudo, provocações e ataques pessoais não deveriam ser praticados.”

Mediação simultânea

Grupo criado, a professora se preocupou em mandar uma mensagem de boas-vindas a todos e, para estimular a discussão, compartilhou previamente vídeos e textos sobre o assunto escolhido pela turma.

“Geralmente, propostas de produção de textos dissertativo-argumentativos abordam assuntos polêmicos. Assim, a mediação do professor deve ocorrer a todo momento, inclusive, ao relembrar as regras e combinados”, reforça.

A avaliação do progresso do aluno também é realizada em tempo real, conforme a atividade é desenvolvida. “Por exemplo, vemos se ele conseguiu abordar a temática coerentemente, empregar a estrutura do gênero ou adequar a variedade linguística”, resume.

Caso algum aluno não interaja no grupo, a professora recomenda uma conversa particular e posterior sobre o motivo que o levou a se abster.

“Ouça-o para compreender seu silêncio e recusa. A partir do que foi dito, é possível  tentar buscar soluções”, recomenda.

Se determinado estudante não apresentar uma boa argumentação, Arruda indica incentivá-lo a buscar informações em fontes diferentes e com credibilidade. “Treinar a escrita, a autocorreção e a reescrita é um caminho para obter melhores desempenhos no futuro”, garante.

Antes de aplicar a atividade, ela ainda indica pesquisar se toda a classe tem acesso ao celular, assim como se há interesse na atividade proposta.

“Outros pontos importantes são: seleção do gênero textual adequado à série; explicação sobre como será o processo e construção de um acordo didático para que todos se comprometam com as ações que serão desenvolvidas”, finaliza.

Crédito da imagem: Irina_Strelnikova – iStock

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