Modalidade recém-incluída nos Jogos Olímpicos Los Angeles 2028, o flag football (futebol de bandeira, em tradução literal) é uma adaptação mais segura e inclusiva do futebol americano. O esporte mantém a lógica dos jogos de invasão, em que duas equipes disputam a posse de um espaço e tentam marcar pontos avançando até a área adversária (end zone, em inglês), mas com modificações.
“A principal diferença está no contato físico: em vez de derrubar o adversário ao chão para interromper a jogada, a defesa precisa arrancar uma fita (flag) de duas que estão presas na cintura do oponente. Sem esse contato corporal brusco, a proteção pesada usada no futebol americano é desnecessária”, explica a professora de educação física Isadora Fernandes.
Para os alunos, um benefício é que o flag football não depende de força física ou de uma determinada altura, como ocorre no vôlei e no basquete. “Nele, todos os biotipos têm lugar”, destaca a docente.
Na educação física escolar, o flag football pode ser trabalhado dentro do eixo dos jogos e esportes de invasão no final do ensino fundamental 1 e aprofundado nas etapas seguintes
“Nos anos iniciais do ensino fundamental, ele pode ser introduzido de maneira lúdica, com jogos como o arranca-rabo e atividades de corrida, preparando as crianças para entender a lógica do esporte posteriormente. Nos anos finais, é possível introduzir regras; no ensino médio, o esporte pode ser vivenciado de forma mais estratégica e competitiva”, orienta.
Explicando o jogo para a turma
No flag football, o campo é um retângulo com as end zones em cada uma das duas extremidades.
Paralelas a elas e traçadas na horizontal, ao longo de todo o campo, há ‘linhas de jardas’, nas quais cada jarda corresponde a um passo grande. As linhas de dez, 20 e 30 jardas indicam a distância até a end zone mais próxima e servem para medir o avanço do time. Elas podem ser marcadas com cones. “A equipe que ataca precisa atravessar essas linhas até alcançar a end zone adversária e marcar pontos”, explica Fernandes.
O ataque tem quatro chances para avançar pelo menos dez jardas. Se conseguir, ganha mais quatro chances para continuar avançando até a área de pontuação. Caso contrário, a bola passa para o outro time.
Os times podem ter cinco jogadores. “No mesmo time existem o ataque e a defesa, que jogam separadamente. O ataque de um joga contra a defesa do adversário”, diferencia a professora.
O jogo inicia com o passe inicial da jogada, chamado snap, que é realizado pelo jogador chamado center. Ele segura a bola no chão e a entrega para trás, passando-a por entre as pernas diretamente para o quarterback, que é responsável por organizar o ataque e permanece posicionado atrás do center pronto para receber a bola.
Ao pegar a bola com o center, o quarterback decide o que fará: pode segurar e correr, entregá-la para que um colega corra ou lançá-la em um passe para frente direcionado a outro companheiro de equipe.
“A defesa deve impedir esse avanço. Quando um jogador do ataque recebe a bola, o jogador da defesa corre atrás dele para retirar sua flag. Importante frisar que não se deve proteger a flag, impedindo que seja pega por alguém, pois isso é considerado falta no jogo”, destaca Fernandes.
Além do quarterback e do center, há outros dois jogadores: o running back, que corre com a bola para avançar pelo campo e tentar marcar pontos, e o wide receiver, que se posiciona mais afastado e corre para receber os passes do quarterback.
O touchdown é marcado quando um jogador finalmente consegue entrar com a bola na end zone adversária ou recebe um passe dentro dela. O time que faz o touchdown ainda tem a chance de ganhar pontos extras em uma jogada chamada conversão, quando escolhe se reiniciará a partida na linha de cinco jardas ou de dez jardas.
“Se começar na primeira e conseguir chegar à end zone novamente, ele marca um ponto. Mas, se escolher a segunda e marcar, ganhará dois pontos”.
Aquecimento para o jogo
Antes de iniciar os jogos, Fernandes indica aproximar os alunos do esporte gradativamente.
“Inicie apresentando a bola (que é ovalada), fazendo brincadeiras como batata quente para que eles a manuseiem, lancem e a recebam sem instrução. Por meio disso, eles podem perceber como essa bola se comporta e sua diferença para as outras”, recomenda.
Na sequência, o professor pode trabalhar a posição do corpo no ataque e no arremesso. Basicamente, o lançamento é feito segurando a bola pelas costuras com a mão de arremesso, mantendo o cotovelo alto e o corpo de lado, transferindo o peso da perna de trás para a da frente ao soltar a bola.
“Já na recepção, as mãos se posicionam em triângulo ou palmas para dentro, e o corpo ajuda a proteger a bola após pegá-la”, descreve.
Os alunos também podem ser apresentados às árvores de rota, que são os caminhos que os jogadores, principalmente os wide receivers, devem correr para receber a bola. “Cada rota é como um mapa de ataque e tem formato e objetivo diferentes”, diz a professora.
Após esse momento, Fernandes indica ainda duas brincadeiras.
Na primeira, os alunos se posicionam em círculo com cintos de flags e passam a bola enquanto um colega canta a música da batata-quente. Quando a música para, quem estiver com a bola precisa rodar entre os colegas para que suas flags sejam retiradas.
Na segunda, todos tentam arrancar as flags dos colegas enquanto protegem as suas. “Quem perder as duas flags senta; vence quem mantiver pelo menos uma flag no cinto até o final”, orienta a professora.
Após as brincadeiras, o professor pode criar uma variação do jogo com menos jogadores. “Por exemplo, com um aluno atacando e outro defendendo”, acrescenta.
Material de apoio
Para apoiar o professor na apresentação do flag football durante a educação física escolar, Fernandes recomenda sua monografia “O flag football como tema nas aulas de educação física escolar” (Universidade Federal de Uberlândia, 2023)
Fernandes também indica alguns vídeos:
Introdução ao Flag Football
O QUE É A ÁRVORE DE ROTAS DO FLAG?
FORMAÇÕES BÁSICAS DEFENSIVAS DO FLAG FOOTBALL
Flag Football 5×5 – Campo e Dinâmica de jogo
Dinâmica do Flag Football 5×5
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Crédito da imagem: kali9 – Getty Images