Ser professora na escola onde foi aluna é um privilégio para Daniela Manzaro, de 43 anos. Ela leciona geografia na Escola Estadual Professora Brisabella de Almeida Nobre, em São Paulo (SP), onde cursou o ensino médio com magistério e estagiou.

“Poder servir a minha própria comunidade impacta positivamente na minha prática por conta da proximidade. Tudo é muito familiar porque já dei aula para pais, irmãos, tios e primos dos meus alunos. Eu me vejo com maior escuta para suas questões, além de nos encontrarmos nos mesmos espaços de convivência fora da escola”, explica.

“Meu primeiro contato com a realidade escolar e depois como professora foi na mesma escola, que ainda hoje é próxima de onde moro. Quando caminho pelos espaços escolares, tudo é vivo e sinto que a minha experiência se mistura à dos meus alunos”, pondera.

Vivências compartilhadas

Era 2009, em seu último ano do ensino médio, João Paulo Teixeira Viana ouviu de uma gestora da escola que ele ainda retornaria ao local como professor. A profecia se realizou e há três anos, ele ensina geografia na Escola Estadual Adão Marcelo da Rocha, de Taipu (RN). “No meu período como estudante, vivenciei uma realidade escolar onde a falta de professor foi um grave problema”, relembra ele, hoje com 30 anos.

Leia também: Dia dos professores: docentes da educação básica inspiram alunos a seguirem na profissão

“É uma experiência única estar como professor na mesma sala que estudei. Após a pandemia, senti que meu real papel naquele espaço escolar era levar não apenas o conhecimento geográfico, mas vivências de vida de um ex-aluno para um público necessitado de escuta e direcionamento”, opina.

dia do professor
Professor João Paulo Teixeira Viana com alunos (crédito: acervo pessoal)

Para ele, um ponto positivo de ser professor na escola onde estudou é o conhecimento do território escolar e das necessidades da instituição e dos alunos. “Por ter vindo deste espaço, compreendo de forma crítica e social as realidades vividas pelos alunos e, assim, consigo criar estratégias para captá-los para a educação”, analisa.

Mestres se tornam colegas

Ataiany dos Santos Veloso Marques, de 44 anos, é professora de química do Colégio Batista de Parintins (AM), onde cursou o ensino fundamental 2. Para ela, um ponto importante de ter retornado à sua antiga escola como professora é ser colega de profissão de seus antigos mestres.

“Foi muito bom ser colega de trabalho de uma professora em específico que tive. É uma relação de respeito e carinho”, conta. “Também é gratificante ter a possibilidade de contribuir para a formação acadêmica e humana dos jovens estudantes da escola, agora no papel de docente”, explica.

Ataiany dos Santos Veloso Marques é professora na mesma escola em que estudou (crédito: acervo pessoal)

“Vejo ainda como positivo o fato de retornar e apresentar aos estudantes o caminho que fiz para chegar até aqui, mostrando que é possível e necessário se dedicar aos estudos, porque eles são a porta para melhores oportunidades na vida”, destaca.

Incentivo à ciência

Ex-aluno do EEEFF Santa Marcelina Marcello Candia, em Porto Velho (RO), Ygor Requenha Romano é hoje cientista e presidente do Instituto Mocan, que busca incentivar a ciência e a bioeconomia na região da Amazônia, assim como promover tecnologias sociais de tratamento de água em escolas que possuem essa deficiência.

Em 2022, ele retornou à sua escola de origem para desenvolver dois projetos: um de ciência usando flores e outro chamado Escola de Iniciação Científica. Foram 650 alunos contemplados.“O primeiro tinha o objetivo de que os alunos observassem as células vegetais das flores e pudessem criar tinturas a partir delas, mostrando que a ciência está próxima da realidade deles e pode ser trabalhada de forma colorida e lúdica. O segundo ensinou o processo de construção do conhecimento cientifico”, resume.

Ygor Requenha Romano em sua antiga escola (crédito: acervo pessoal)

“Penso que é uma forma de mostrarmos aos alunos que eles têm muita perspectiva de futuro. Viemos da mesma escola e é possível, por exemplo, ser professor ou cientista”, avalia. Para ele, lecionar na sua antiga escola foi uma experiência nostálgica e também forma de retribuir à comunidade aprendizados acumulados. “Pudemos orientar os estudantes sobre as feiras de ciência e eles participaram de uma regional elaborada pelo Instituto, onde foram premiados e representarão o Brasil em outros países”, comemora.

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