Design thinking é uma metodologia de aprendizagem ativa baseada na resolução de problemas. Nela, os estudantes se unem para tentar encontrar uma solução coletiva para uma determinada situação. O método pode ser utilizado em qualquer disciplina e com turmas de todas as etapas. A química, pedagoga e doutora em saúde e meio ambiente, Ana Carolina de Moraes, sugere ganhos quando utilizada na educação ambiental.

“A estratégia capacita os alunos a exercerem responsabilidade por suas próprias vidas e pelo meio ambiente. As ações, para serem efetivadas, necessitam do senso de coletividade, responsabilidade, criatividade e empatia, que são condições necessárias para a formação de consumidores conscientes, a construção de um ambiente sustentável e o desenvolvimento da cidadania”, justifica.

Moraes trabalha com o design thinking dividido em cinco etapas: descoberta, interpretação, ideação (concepção, encadeamento das ideias), prototipação, análise e evolução. Na descoberta, o primeiro passo é o professor trazer uma pergunta ampla para os alunos. “Por exemplo, como podemos repensar o meio ambiente da escola, da comunidade, do bairro, do entorno ou de uma unidade de conservação que eles possam visitar?”, sugere.

Os alunos pensam na questão e, individualmente, escrevem suas respostas em post-its e os colam em um quadro. “Eles podem responder ‘não jogando lixo no chão’ ou levantar problemas, como ‘falta coleta seletiva’, ‘lixeira nas ruas’, ‘fumaça das indústrias’, ‘Buzinas em excesso’ etc.”, exemplifica.

Coletivamente, os estudantes escolhem uma das temáticas para pesquisar e vão a campo para entrevistar moradores. “Há uma triangulação da pesquisa, ou seja: observar (olhar etnográfico), ouvir (entrevista) e sentir/participar”, detalha a professora.

Sugestões de atuação

Depois de passar o dia na comunidade, o próximo passo dos alunos é a interpretação, que consiste em analisar tudo que ouviram, viram e observaram. Em uma atividade realizada com o 8º ano das escolas estaduais do município de São Francisco do Sul (SC), uma turma pesquisou o excesso de grãos que se acumulava nas rodovias da cidade e prejudicava a população.

Os estudantes entenderam que os grãos são a principal carga do porto da cidade e a comunidade relatou problemas como entupimento do sistema de drenagem da água das chuvas, ocasionado pelo seu derramamento; proliferação de vetores transmissores de doenças e contaminação da água de rios.

“A partir desses dados, os alunos refinaram e criaram uma nova pergunta: ‘Como minimizar os impactos gerados pelos grãos e melhorar a saúde da comunidade?’”, relata a professora.

A terceira parte do processo é a ideação. “Novamente, eles escrevem nos post-its, de forma individual, as respostas que encontraram nas conversas com os moradores da comunidade. Na sequência, selecionam a melhor ideia para solucionar o problema.”

Parte-se, então, para a quarta etapa: a prototipação. “Eles vão criar um protótipo para solucionar o problema, seja uma maquete, uma encenação, ou outro produto que possam levar para a comunidade”, orienta.

No último momento – análise e evolução –, eles apresentam o protótipo para a comunidade, que faz as suas observações. “Os alunos anotam os pontos bem avaliados, os pontos a melhorar, o maior diferencial e as sugestões de melhoria”, destaca. O projeto é então finalizado com uma apresentação para os pais ou para o público geral da escola.

De acordo com Moraes, o uso do design thinking na educação ambiental é de fácil aplicação e proporciona o engajamento da turma. “Eles se envolvem e fazem coisas que, em uma aula expositiva, não seria possível”, revela. “E temos a figura do professor na proposição de momentos de reflexão e debate para aprofundar a discussão ambiental com os estudantes”, finaliza.

Veja mais:
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Fluxogramas deixam atividade interdisciplinar mais clara para os alunos

Crédito da imagem: berkozel – iStock

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