Programar como será o trabalho com os alunos é o foco do plano didático do professor, realizado no começo do semestre. “O documento pode ser pensando em três partes: o semestre, a unidade da disciplina que será ensinada e, por fim, aula a aula”, aponta o docente do curso EAD de pedagogia da Universidade Federal De São João Del-Rei (UFSJ), Eduardo Henrique de Matos Lima.

“Basicamente, deve constar o que se pretende realizar (objetivos), como isso será realizado (procedimentos) e se esses objetivos foram alcançados (avaliação)”, resume.

Dependendo da rede ou da escola, o planejamento didático pode ser registrado em formulários ou online. “Pensar as atividades e propostas para cada conteúdo ajuda o docente a descobrir onde parou quando ocorre um imprevisto e também a pensar as melhores formas de avaliação”, indica a professora e coordenadora de políticas para o ensino fundamental da rede estadual do Mato Grosso do Sul, Eleida da Silva Arce Adamiski. “Sabendo o roteiro do que fará em aula ou em uma sequência de aulas, fica mais fácil um olhar personalizado para o desenvolvimento de cada estudante”, justifica.

Para começar a produção do plano didático, o primeiro passo é ter como norte dois documentos mais amplos: o planejamento escolar, realizado pela instituição de ensino para o ano, e o Projeto Político Pedagógico (PPP) da instituição. Ambos trazem informações importantes sobre o contexto interno e externo, assim como as formas de ensino e aprendizagem esperadas. “Por exemplo, há escolas que procuram uma maior interdisciplinaridade, outras possuem orientações específicas”, lembra Lima.

Entendendo o contexto

Segundo o professor, um fator importante para a composição do plano de aulas é saber o perfil da turma. “Se o educador é novo na rede ou na escola, vale conversar com a coordenação pedagógica, com os pares ou fazer um levantamento diagnóstico. Nesse sentido, o PPP pode ajudar”, recomenda.

A primeira aula do ano pode ser programada justamente para mensurar o perfil da classe e o nível de conhecimento dos alunos. “Isso ajuda a descobrir, por exemplo, se serão necessárias atividades para nivelar algum conteúdo. Ensinar algo que eles já sabem colabora para o desinteresse”, alerta. “Também é possível relacionar algo do contexto do estudante ao que será ensinado e à forma de ensino. Isso faz com que o processo de aprendizagem tenha mais sentido para ele”, sugere.

Mesmo que a disciplina seja a mesma para classes diferentes, o ideal é que o plano didático seja adaptado para o perfil de cada turma. “Esse era um erro que se cometia ao começar a lecionar: aplicar a aula, da mesma forma, para todas as classes. Você nota que as atividades propostas funcionam em uma e falham na outra”, compartilha Lima.

Ao descrever a ordem dos conteúdos, o plano de ação didática também ajuda a pensar a melhor metodologia para cada abordagem. “Há aulas que pedem técnicas reflexivas. Outras, métodos ativos, dinâmicos, interações e assim por diante”, exemplifica.

Quanto mais descritivo, melhor

De acordo com Adamiski, o plano didático tem que apresentar, de forma bem detalhada, as habilidades a serem trabalhadas, o passo a passo de como o professor fará isso e suas intenções pedagógicas.

“O ideal é que uma pessoa de fora, ao ler o documento, entenda a sua proposta. Essa é a parte que acho mais difícil, porque tendemos a fazer o plano para nós mesmos, para a nossa orientação. Nem sempre detalhamos, por exemplo, as metodologias”, confessa.

A avaliação tem que estar sintonizada com o que foi ensinado e com as habilidades propostas para cada aula. “A intenção é entender se os métodos utilizados foram suficientes ou insuficientes para a aprendizagem. Isso só é possível se ela estiver bem alinhada com o objetivo da aula”, defende. De acordo com a especialista, vale ainda diversificar a forma de avaliar. “Para que não fique apenas na escrita ou em uma avaliação processual sem sustentação metodológica”, acrescenta.

Por fim, Lima lembra que o docente não pode perder de vista que o processo de ensino é vivo e dinâmico. “Tem que haver espaço para que os alunos se manifestem e esclareçam dúvidas. Também é necessário ter um plano B previsto, caso aquela atividade pensada não apresente os resultados quando aplicada na prática”, ressalta.

Veja mais:
Planejamento escolar: pensar ações do próximo ano exige diagnóstico e metas claras
Como elaborar ou revisar o Projeto Político Pedagógico?
Como transformar o PPP em um documento vivo?

Crédito da imagem: Rawpixel – iStock

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments

Talvez Você Também Goste

Desafios da educação: 6 temas para prestar atenção em 2025

Celulares proibidos, inteligência artificial e privatização são debates para os próximos meses

Emenda do Fundeb ameaça reajuste salarial dos professores

Segundo especialista, mudança no texto pode afetar recursos para pagamento de pessoal na educação

Obra de Tomie Ohtake ajuda a trabalhar arte abstrata na educação básica

A partir do acervo e da trajetória da artista é possível explorar o processo criativo, o papel social da mulher e a imigração

Receba NossasNovidades

Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!

Receba NossasNovidades

Assine gratuitamente a nossa newsletter e receba todas as novidades sobre os projetos e ações do Instituto Claro.